Desafeto de Bolsonaro, Macron diz que irá ‘unir forças’ com Lula
Presidente francês já havia recebido petista em Paris no ano passado para debater temas globais 'absolutamente fundamentais'
Desafeto de Jair Bolsonaro, o presidente francês, Emmanuel Macron, usou suas redes sociais neste domingo, 30, para parabenizar Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória nas eleições presidenciais brasileiras, prometendo uma união entre países para enfrentamento de “desafios comuns”.
“Parabéns, caro Lula, por sua eleição que dá início a um novo capítulo da história do Brasil. Juntos, vamos unir nossas forças para enfrentar os muitos desafios comuns e renovar o vínculo de amizade entre nossos dois países”, escreveu.
Toutes mes félicitations, cher @LulaOficial, pour ton élection qui ouvre une nouvelle page de l'histoire du Brésil. Ensemble, nous allons unir nos forces pour relever les nombreux défis communs et renouer le lien d'amitié entre nos deux pays.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) October 30, 2022
Em 2021, Macron já havia recebido Lula em Paris com honrarias reservadas a altas personalidades e chefes de Estado para discutir temas globais “absolutamente fundamentais”.
Com Bolsonaro, no entanto, havia um claro estranhamento, principalmente em torno de pautas ambientais. Em 2021, a França anunciou que deixaria de importar soja sul-americana cultivada em áreas desmatadas, “sobretudo na Amazônia”.
Antes disso, em 2019, uma troca de críticas e ofensas entre o presidente brasileiro e o francês, motivadas pelos incêndios na Amazônia, respingou também na primeira-dama francesa, Brigitte Macron, de 66 anos, o que piorou ainda mais a relação entre os dois.
Na ocasião, o presidente brasileiro respondeu ao comentário de um seguidor que comparou a beleza da esposa de Macron à de Michelle Bolsonaro, que é 29 anos mais jovem. “Agora entende por que Macron persegue Bolsonaro?”, escreveu o seguidor, na legenda da foto dos casais. “Não humilha cara. Kkkkkkk”, respondeu Bolsonaro, em comentário ainda visível em seu Facebook. A resposta de Bolsonaro repercutiu negativamente pela na imprensa francesa, que acusou o chefe de Estado brasileiro de sexismo.
Dois dias antes, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, havia compartilhado um vídeo que chamava Macron de “idiota”. O presidente francês, por sua vez, disse que Bolsonaro mentiu sobre seus compromissos com o meio ambiente.
As relações entre os governos de Brasil e França estão estremecidas desde o início do mês, quando Bolsonaro cancelou, de última hora, um encontro com o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, e publicou um vídeo no Facebook enquanto cortava o cabelo, no mesmo horário em que estava programada a reunião. Na ocasião, Le Drian ironizou a “urgência capilar” do brasileiro.