Após ataques sônicos, EUA reduzem equipe da embaixada em Cuba
Emissão de vistos em Havana também será suspensa
Mais da metade da equipe da embaixada americana em Cuba será retirada do país, segundo ordem do governo dos Estados Unidos. A medida, que é direcionada a todo o pessoal não essencial da sede diplomática e também a familiares, foi tomada em decorrência de “ataques específicos” que afetaram diplomatas americanos e canadenses na ilha.
Os incidentes, misteriosos ‘ataques sônicos’ que ocorrem em Havana desde novembro, já afetaram pelo menos 21 diplomatas americanos, além de dois canadenses. As vitimas alegam que começaram a passar mal ao escutar sons similares a “insetos ou metal arranhando o chão” e apresentaram sintomas como tontura e náusea – diagnósticos posteriores apontaram casos de perda de audição e lesões cerebrais traumáticas leves.
A redução em 60% da equipe diplomática será seguida pela suspensão da emissão de vistos na embaixada cubana. O Departamento de Estado americano vai emitir comunicado recomendando que os cidadãos do país não viajem a Cuba por razões de segurança por tempo indeterminado, pois diplomatas foram atacados em hotéis onde americanos se hospedam.
Oficiais americanos alegam que mais de cinquenta ataques já foram registrados – o mais recente ocorrido em agosto. O presidente cubano, Raúl Castro, autorizou que equipes do FBI trabalhassem na ilha para auxiliar nas investigações, mas até o momento as autoridades seguem sem saber quem ou o que está por trás dos ataques sônicos.
Caso politizado
Segundo oficiais ouvidos pela CNN, a decisão de retirar parte da equipe diplomática não é uma medida retaliatória contra o governo cubano, que afirma não ter participação nos ataques. Nesta terça-feira, o Ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, negou o envolvimento de Havana com o incidente em encontro com seu par americano, Rex Tillerson, e disse que os Estados Unidos estão “politizando” o caso.
Barbara Stephenson, presidente da Associação Americana de Serviço no Exterior, disse ser contra a redução da equipe diplomática em Cuba. “Na nossa visão, os diplomatas americanos precisam permanecer em campo e em jogo”, comentou à CNN a líder da organização que representa os diplomatas dos Estados Unidos. “Temos uma missão a cumprir e estamos acostumados a operar ao redor do globo sob sérios riscos de saúde. Não estamos dizendo que os riscos não existam em Cuba, mas os riscos estão em todos os lugares, e queremos trabalhar sob as mesmas condições.”