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Demonstrações financeiras de Trump não são confiáveis, diz empresa

Escritório de contabilidade, que atuava em negócios do ex-presidente há anos, anunciou separação nesta segunda-feira

Por Duda Gomes 14 fev 2022, 20h14

Há anos prestadora de serviços para as empresas ligadas ao ex-presidente americano Donald Trump, a empresa de contabilidade Mazars informou à Trump Organization que não deveriam confiar em quase 10 anos de demonstrações financeiras e que não seriam mais responsáveis pela contabilidade, citando um conflito de interesses.

“Chegamos a esta conclusão com base, parcialmente, nos documentos produzidos pela procuradora-geral de Nova York, Letitia Janes, em 18 de janeiro de 2022 e em nossa própria investigação, além de informações recebidas de fontes internas e externas”, afirmou a Mazars em carta enviada nesta segunda-feira, 14, ao diretor legal da Trump organization, aconselhando a empresa a não confiar mais em declarações entre junho de 2011 e junho de 2020.

No documento, a Mazars também aconselha a Trump Organization a informar as afirmações a quaisquer destinatários das declarações financeiras, como credores ou seguradoras. Segundo a empresa, o único trabalho que não foi completo foi o preenchimento das declarações de imposto de renda de Donald Trump e sua esposa, Melania Trump.

Desde de 2002, contadores e executivos da empresa ajudavam a preparar as declarações financeiras de Trump. Em muitos casos, a Mazars anexava uma carta de apresentação na frente dos documentos explicando o papel da empresa na avaliação do valor de seus ativos.

A saída da empresa dos negócios de Trump segue um longo documento entre à Justiça em janeiro no qual a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, afirma que seu escritório encontrou “evidências significativas” de fraude em uma investigação civil contra o ex-presidente e uma de suas empresas, a Trump Organization.

Segundo James, a empresa familiar teria usado avaliações de ativos “fraudulentas ou enganosas” para benefícios econômicos, incluindo deduções fiscais e empréstimos. A inquirição teve início após Michel Cohen, ex-advogado de Trump, testemunhar ao Congresso que as declarações financeiras anuais do ex-presidente inflacionaram os valores de ativos para obter termos favoráveis para empréstimos e seguros.

No documento, a procuradora menciona o que chamou de declarações enganosas sobre o valor de seis propriedades do ex-presidente, incluindo clubes de golfe na Escócia e em Westchester, em Nova York. No texto, James também dá detalhes sobre como a empresa supostamente inflacionou avaliações. No caso do clube de golfe nova-iorquino, por exemplo, 150 mil dólares em taxas nunca foram arrecadadas.

Uma das cartas da Mazars foi incluída no processo judicial comando por James, que vem tentando impor uma intimação para obter documentos e fazer com que Trump, Donald Trump Jr. e Ivanka Trump testemunhem. Uma audiência no tribunal está marcada para quinta-feira, 17.

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