Diante da resistência da Casa Branca em acabar com a paralisia do governo federal, a democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados, exigiu do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , o adiamento da data de seu discurso sobre o Estado da União ou que o entregue por escrito em 29 de janeiro. Pelosi argumentou que a paralisia do governo gera preocupações com a segurança do evento.
“Infelizmente, dada as preocupações com segurança, a não ser que o governo reabra nesta semana, sugiro que trabalhemos juntos para determinar outra data apropriada para depois que o governo for reaberto para este pronunciamento ou que você considere entregar seu discurso por escrito ao Congresso no dia 29 de janeiro”, afirmou Pelosi a Trump por meio de carta enviada na quarta-feira 16.
O discurso sobre o Estado da União é o mais importante a ser realizado pelo presidente americano. Sempre no mês de janeiro, o chefe de estado se apresenta no Congresso para prestar contas de suas decisões ao longo do ano anterior e para apresentar suas prioridades e propostas legislativas para o período seguinte. Trata-se de uma exigência prevista na Constituição e nas últimas décadas passou a ser transmitido ao vivo nas emissoras de televisão.
O governo federal está em paralisia parcial de suas funções por causa da insistência de Trump em obter a aprovação do Congresso ao desembolso adicional de 5,7 bilhões de dólares para a construção de um muro na fronteira com o México. A Câmara dos Deputados, de maioria democrata, resiste a dar essa autorização. O impasse se mantém desde 22 de dezembro.
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Apesar de ter enviado a solicitação de adiamento, Pelosi tem a atribuição legal, como presidente da Câmara, de determinar em que dia Trump fará o Estado da União deste ano. A Câmara e o Senado terão ainda de votar as resoluções que aprovam o comparecimento do presidente para discursar. O controle nas mãos da democrata.
Outras autoridades da oposição foram mais agressivas ao confrontar Trump. Líder da maioria na Câmara, o democrata Steny Hoyer, disse à CNN que “o Estado da União está cancelado”, apesar de seu escritório ter recuado em tais comentários, dizendo que Hoyer “descaracterizou” a carta de Pelosi.
Já Hakeem Jeffries, presidente do caucus democrata, manifestou-se pelo Twitter sua oposição à fala de Trump no Congresso. “O indivíduo 1 não será autorizado a dar seu discurso de Estado da União até que o governo seja reaberto. Seja bem-vindo à vida na Nova Maioria Democrata. Se acostume.”
Em entrevista à imprensa ainda na quarta-feira, Pelosi argumentou que as questões de segurança estão “completamente fora” de suas mãos e sugeriu que Trump “pode fazer o discurso do Salão Oval se quiser”. Tradicionalmente, este é um momento especial para o presidente americano se manifestar no plenário do Congresso.
A presidente da Câmara destacou que o Serviço Secreto, “designado como a agência federal responsável por coordenar, planejar, exercitar e implementar a segurança” de tais eventos governamentais, está sem verbas há 26 dias.
Em sua carta, ela lembrou um despacho feito em setembro passado pela secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kirstjen Nielsen, em que ela considera o discurso sobre o Estado da União como um Evento Nacional com Segurança Especial (NSSE), reconhecendo a necessidade de “recursos completos oferecidos pelo Governo Federal.”
Nielsen rejeitou a explicação de Pelosi, sem comentar sobre seu despacho anterior. Em sua conta no Twitter, a secretária escreveu que “o Departamento de Segurança Interna e o Serviço Secreto americano estão totalmente preparados para apoiar e proteger o discurso de Estado da União”. Ela ainda agradeceu às forças de segurança “pelo foco e dedicação na missão de defender nosso território.”
O conselheiro da Casa Branca, Stephen Miller, e outros redatores de discursos vêm trabalhando no relatório do presidente há semanas. Uma autoridade do governo Trump contou à CNN que a equipe está preparada para escrevê-lo, mesmo diante da paralisia do governo, e alvejou os democratas.
(Com EFE)