Cristina Kirchner é processada como líder de quadrilha
Prisão preventiva da ex-presidente argentina foi determinada pelo juiz Bonadio, mas dependerá de decisão do Senado sobre seu foro privilegiado
A senadora e ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner teve sua prisão preventiva decretada nesta segunda-feira pelo juiz federal Claudio Bonadio, que a processou por comandar uma quadrilha que cobrava propinas dos empresários em licitações do governo. Segundo o jornal La Nación, Bonadio a acusou também por crime de corrupção passiva e por ter recebido presentes ilícitos.
O Senado argentino terá de deliberar sobre a prisão da atual senadora, que tem foto privilegiado. Bonadio considerou Cristina Kirchner como uma das organizadoras da associação ilícita. Dela faziam parte seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, morto em 2010, e o ex-ministro de Planejamento Federal Julio De Vido.
Também foram processados 42 ex-funcionários dos governos dos Kirchners e empresários dos setores de obras públicas, energia e transporte. Entre eles Angelo Calcaterra, primo do atual presidente da Argentina, Maurício Macri.
Bonadio condenou Cristina Kirchner pelos crimes de “associação ilícita na qualidade de chefe, admissão de presentes em 22 atos de corrupção passiva em cinco atos” entre 2003 e 2015, período que inclui os mandatos dela e de Néstor Kirchner. O juiz também decretou o bloqueio de 4 bilhões de pesos (o equivalente a quase US$ 100 milhões) de suas contas.
À rádio Cooperativa, o líder peronista do Senado, Miguel Ángel Pichetto, afirmou que a Casa não aprovará a suspensão do foro privilegiado de Cristina Kirchner e que a prisão preventiva “não tem um conteúdo integral de sentença condenatória”. Cristina faz parte do Unidade Cidadã, uma dissidência do Partido Justicialista (peronista).
Em agosto, porém, o Senado argentino aprovou por unanimidade a realização de operações de busca e apreensão em três propriedades de Cristina Kirchner.
Os cadernos
O escândalo “Cadernos da Propina” foi denunciado pelo La Nación, que recebera as anotações de Oscar Centeno, motorista de um dos envolvidos no caso, Roberto Baratta. O jornal entregou o material ao Ministério Público. Centeno anotara todas as suas tarefas de buscar e entregar sacolas com dinheiro do esquema de corrupção entre o governo e os empresários.
Parte dos empresários firmou acordo de delação premiada e detalhou como funcionava o esquema e todos os envolvidos. Entre os delatores estão Héctor Zabaleta, da Techint, e Javier Sánchez Caballero, da Iecsa.