Crime que chocou Argentina termina em prisão perpétua de atletas de rúgbi
Morte de filho de imigrantes paraguaios colocou luz sobre racismo no país
Oito jogadores amadores de rúgbi foram condenados na segunda-feira, 6, pela morte de um aspirante a advogado na Argentina, em um caso que chocou e colocou luz sobre atitudes racistas no país.
Cinco dos agressores foram sentenciados à prisão perpétua, que na Argentina equivale ao máximo de 35 anos, pela morte de Fernando Báez Sosa, de 18 anos, filho único de um casal de imigrantes paraguaios. Os outros três condenados receberam sentenças de 15 anos de prisão.
O assassinato aconteceu em janeiro de 2020 e está entre os casos criminais mais repercutidos na Argentina nos últimos anos. Báez Sosa estava com amigos em uma casa noturna na cidade de Villa Gesell, quando começou uma briga entre eles e os jogadores de rúgbi. Ambos os grupos foram expulsos do local, mas, minutos depois, os atletas se juntaram contra Báez Sosa, chutando e golpeando o jovem no chão, enquanto tentavam impedir que outras pessoas intervissem.
Testemunhas afirmam ter ouvido frases racistas proferidas contra Báez Sosa, incluindo “negro de merda”, enquanto outro prometia “levá-lo como um troféu”. Na Argentina, “negro” é um termo usado frequentemente também para descrever indígenas ou pessoas não brancas.
Embora o ódio com motivação racial nunca tenha feito parte da acusação apresentada pela promotoria, familiares, ativistas e funcionários do governo o consideraram um fator-chave no ataque.
“O caso de Fernando Báez Sosa é um divisor de águas na Argentina”, disse Alejandro Mamani, advogado e membro do Identidad Marrón, um grupo antirracista, ao britânico The Guardian. O Instituto Nacional contra a Discriminação, Xenofobia e Racismo da Argentina chamou de “claro ataque racista” por causa das palavras gritadas pelos agressores.