Covid-19: Líderes doam R$ 45 bi para pesquisa sobre vacina e remédio
Esforço liderado pela União Europeia atrai outros oito países; mas Brasil, Estados Unidos e Rússia ficam de fora do encontro remoto
Líderes da União Europeia e de outros oito países concordaram nesta segunda-feira, 3, com a doação total de 7,4 bilhões de euros (45 bilhões de reais) para pesquisas sobre tratamentos e vacinas contra a Covid-19, cujas distribuições serão feitas por um organismo internacional. O encontro virtual coordenado por Bruxelas se deu sem as presenças dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, do Brasil, Jair Bolsonaro, da Rússia, Vladimir Putin, e do primeiro-ministro da Índia, Narendra Gandhi.
Houve consenso sobre a distribuição de forma equânime e sem atrasos dos medicamentos e da futura vacina aos países mais pobres, segundo o jornal britânico The Guardian. “Todo esse dinheiro ajudará o rápido lançamento de uma cooperação global sem precedentes”, afirmou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, que doou 1,4 bilhão de euros.
Entre os principais doadores, a Noruega destinou o mesmo valor do bloco europeu, a França desembolsou 500 milhões de euros, assim como a Arábia Saudita, e a Alemanha, e o Japão deu 800 milhões. Do total arrecadado, 4,4 milhões de euros serão reservados para o desenvolvimento de vacinas, 2 bilhões de euros vão para a busca por um tratamento eficaz e 1,6 bilhão de euros vai para a produção de testes.
No encontro, o presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que “ninguém será dono da distribuição” de uma futura vacina. “Aqueles que a inventarem serão pagos de maneira justa, claro, mas o acesso das pessoas em todo o planeta será dado pela organização que nós escolhermos”, afirmou.
Segundo o Guardian, autoridades europeias explicaram que os laboratórios beneficiados por seu novo fundo não perderão seus direitos de propriedade intelectual, mas devem se comprometer a adotar preços acessíveis aos medicamentos e às vacinas. O fundo global de vacinas Gavi adota a mesma condição.
Sobrevivente da Covid-19, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou ser necessário um “esforço realmente global” porque nenhum país ou laboratório farmacêutico conseguirá levar esse desafio sozinho. “A corrida para descobrir a vacina para derrotar este vírus não é uma competição entre países, porém é o mais urgente esforço compartilhado deste tempos. É a humanidade contra o vírus”, afirmou Johnson.
Vários dos líderes participantes do encontro remoto expressaram apoio à Organização Mundial da Saúde (OMS), alvo de punição dos Estados Unidos, que suspenderam o pagamento de sua cota. Trump acusa a instituição de não ter atuado a tempo contra a epidemia para encobrir falhas da China.
Apesar de não estarem presidentes, os Estados Unidos emitiram comunicado dizendo ser bem-vinda a “conferência na Europa”. Embora tenha sido organizada por Bruxelas, a reunião teve abrangência global. A China foi o único dos participantes da reunião que não foi representado por seu líder, Xi Jimping, mas por seu embaixador em Bruxelas. Um encontro sobre Covid-19 ocorrido horas antes envolveu os líderes europeus, Modi e o presidente do Irã, Hassan Rouhani.
Além dos europeus e da China, participaram os líderes da Noruega, Canadá, Israel, Japão, Jordânia, África do Sul e Turquia.