Trump culpa China por coronavírus e Pequim rebate: ‘Mentiras’
Em janeiro, quando o vírus estava presente apenas na China, o americano ignorava relatórios sobre os perigos que a Covid-19 poderia oferecer aos EUA
O governo chinês rebateu nesta terça-feira, 28, as acusações feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira 27, classificando-as como “descaradas”. Trump havia dito que a China poderia ter impedido a propagação da Covid-19, a doença causada pelo coronavírus, antes que se espalhasse pelo mundo e disse que seu governo está conduzindo “investigações sérias” contra o país asiático. No entanto, enquanto Trump minimizava os riscos da doença em janeiro, a Casa Branca criava relatórios sobre os perigos do vírus e apresentava ao presidente, que, por sua vez, ignorava esses relatórios, segundo o jornal americano The Washington Post.
ASSINE VEJA
Clique e Assine“Estamos fazendo investigações muito sérias… Não estamos felizes com a China”, disse Trump em uma entrevista coletiva na Casa Branca. “Há muitas coisas pelas quais eles podem ser responsabilizados (…) Acreditamos que poderíamos ter impedido isso na fonte. Poderíamos ter impedido que se espalhasse tão rápido e não se espalharia por todo o mundo”, concluiu.
Pequim rebateu as declarações do republicano e as classificou como “mentiras descaradas”. “As autoridades americanas ignoraram a verdade em várias ocasiões e proferiram mentiras descaradas”, afirmou o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang, que acusou Washington de “distrair a atenção pública” de seu programa “ruim” de prevenção e controle da pandemia.
“Eles têm apenas um objetivo: eximir-se de qualquer responsabilidade sobre sua própria gestão da epidemia e distrair a atenção da sociedade”, acrescentou.
Trump culpa a China ou a Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo alto número de infectados e mortos nos Estados Unidos. Ainda em janeiro, o americano elogiou a atuação do gigante asiático e da OMS em conterem o vírus, mas começou a atacar ambos assim que a situação em seu país piorou. Governadores dos estados mais atingidos, como Nova York, acusam a Casa Branca de não agir o suficiente na esfera federal perante a crise.
O líder americano também demonstrou publicamente apoiar os protestos em diversos estados que pediam a reabertura da atividade econômica, mesmo os Estados Unidos sendo o país mais atingido pelo vírus.
Oficialmente, a China notificou a OMS da existência do vírus no dia 31 de dezembro de 2019. A cidade de Wuhan, onde o vírus começou a se espalhar, entrou em quarentena ainda em fevereiro, quando as autoridades contabilizavam menos de 1.000 casos da doença. O isolamento da cidade foi acompanhado pela proibição de voos e internacionais tanto nos Estados Unidos quanto na China.
Durante o início do surto, Trump recebia relatórios e advertências em várias ocasiões sobre os perigos da Covid-19, mas ignorava os alertas, segundo o jornal americano The Washington Post.
Enquanto os relatórios rastreavam a propagação do vírus e advertiram que a China estava suprimindo informações sobre a letalidade e facilidade de transmissão do vírus, e com menções às consequências políticas e econômicas, Trump minimizava a doença. De acordo com várias fontes ouvidas pelo jornal – funcionários e ex-funcionários da Casa Branca –, o presidente geralmente não lê os relatórios e detesta ouvir os resumos orais.
Trump só declarou emergência nacional pela pandemia em 13 de março, quando as bolsas de valores americanas registravam fortes quedas e o número de casos aumentava em Nova York.
Os Estados Unidos contabilizam 988.469 casos e 56.253 mortes por Covid-19 até o momento. No mundo, os números passam dos três milhões de infectados e das 200.000 mortes, segundo levantamento em tempo real da Johns Hopkins University.
(Com Reuters e AFP)