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Coronavírus: países mais afetados sofrem com demanda por serviço funerário

Exército da Itália foi acionado para retirar corpos de cidade sobrecarregada; Irã e China tiveram que mudar tradições e regras

Por Da Redação
Atualizado em 19 mar 2020, 15h13 - Publicado em 19 mar 2020, 14h43

A medida em que o número de vítimas deixadas pela pandemia de coronavírus cresce em todo o mundo, também surgem problemas de como atender a demanda por enterros e cremações nos países mais atingidos pela Covid-19. É o caso de algumas pequenas cidades na Itália, por exemplo, que passam por uma crise para dar conta da busca por esses serviços. China e Irã também tiveram que adaptar suas tradições e regras para se prevenir contra a propagação da doença.

Em Bergamo, no norte da Itália, o Exército interviu para retirar os corpos da cidade onde os serviços funerários estão sobrecarregados. Vídeos feitos por moradores e exibidos no site do jornal local Eco di Bergamo mostraram uma longa fila de caminhões militares atravessando as estradas de madrugada e retirando caixões de um cemitério local.

Um porta-voz do Exército confirmou nesta quinta-feira, 19, que 15 caminhões e 50 soldados foram mobilizados para transferir corpos para províncias vizinhas. Mais cedo, autoridades de Bergamo haviam pedido ajuda com cremações por causa da sobrecarga em seu crematório.

FILE PHOTO: Cemetery workers and funeral agency workers in protective masks transport a coffin of a person who died from coronavirus disease (COVID-19), into a cemetery in Bergamo
Funcionários de cemitério usam máscara durante enterro de vítima da Covid-19 em Bergamo, Itália – 16/03/2020 (Flavio Lo Scalzo/File Photo/Reuters)

Existem cerca de 80 empresas funerárias em Bergamo e cada uma tem recebido dezenas de chamadas por hora. A escassez de caixões e o grande número de agentes funerários infectados pelo vírus também estão dificultando os preparativos para os enterros.

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A Itália teve o maior aumento diário de mortes do coronavírus já registrado na quarta-feira 18, quando o total aumentou em 475 e se aproximou de 3.000. Houve mais de 300 mortes só na região da Lombardia — que inclui Bergamo, a província mais atingida com seus mais de 4.000 casos.

O país decretou em interdição antes de outros da Europa, mas, como os casos continuam aumentando, o governo está cogitando medidas mais duras que restringiriam ainda mais a circulação exterior já limitada. Todas as cerimônias religiosas, incluindo funerais, missas e casamentos, estão proibidas na Itália durante o período de quarentena.

Os hospitais também adotaram regras mais rigorosas para os procedimentos realizados após a morte de um paciente. Os corpos precisam ser colocados em caixões imediatamente, sem serem vestidos ou tratados, por conta do risco de contaminação.

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Especialistas afirmam que todos os ritos de passagem após a morte são importantes para o período de luto e privar os familiares de ver seus entes queridos antes do enterro ou cremação pode causar muito transtorno e dor. O governo italiano, contudo, parece não ter escolha diante dos riscos da nova pandemia.

Outros países, como o Irã e a China, também passam por cenários semelhantes. O país asiático é o epicentro da pandemia e já registrou 230.588 infecções e 9.390 mortes. Já a nação iraniana tem 17.361 casos de coronavírus e 1.135 óbitos.

Pequim proibiu a realização de funerais de vítimas do coronavírus, e instituiu uma regra que todos os corpos devem ser cremados em instalações próximas dos hospitais onde o paciente estava internado e no menor prazo possível.

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No Irã, clérigos xiitas estão tendo que abrir mão dos rituais islâmicos durante os enterros para evitar mais contaminações. No país, as famílias têm sido proibidas de acompanhar os enterros de perto, e as vítimas do coronavírus tem sido enterradas sem ter seus corpos lavados ou cobertos em um pano branco, como dita a tradição muçulmana.

Na cidade de Qom, a 156 quilômetros de Teerã, imagens de satélite obtidas pelo jornal americano The Washingtion Post mostram a escavação de grandes áreas em um cemitério para a instalação de novas covas. A escavação começou dois dias após o país anunciar a primeira morte causada pela Covid-19, e não parou desde então. 

(Com Reuters)

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