Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Copa do Mundo 2022: A geopolítica por trás do jogo entre Irã e EUA

Inimigos de longa data, os países disputam uma vaga nas oitavas de final, bem como o controle da narrativa sobre seus posicionamentos no mundo

Por Amanda Péchy
Atualizado em 29 nov 2022, 16h40 - Publicado em 29 nov 2022, 16h35

Nesta terça-feira, 29, a partida da Copa do Mundo de 2022 entre Irã e Estados Unidos é decisiva, já que define qual dos dois times avança para as oitavas de final do campeonato. Só que a disputa no gramado tornou-se mais do que um jogo, em meio a uma turbulência geopolítica intensificada.

O Irã participa do Mundial dois meses depois que a sua polícia da moralidade, encarregada de impor códigos rígidos sobre vestimenta e comportamento feminino, prendeu Mahsa Amini, de 22 anos, por usar seu hijab – véu islâmico – de maneira inadequada. Amini morreu sob custódia das autoridades, supostamente após ser espancada por policiais.

Sua morte foi o catalisador para um movimento popular maciço que eclodiu em todo o país, com protestos contra a falta de direitos das mulheres. Pelo menos 450 manifestantes foram mortos e outros 18 mil foram presos.

Neste mês, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, respondeu à onda de protestos dizendo que “vamos libertar o Irã” em um discurso. Enquanto isso, o Departamento do Tesouro americano emitiu sanções contra várias autoridades iranianas devido à repressão violenta às manifestações.

Continua após a publicidade

Antes mesmo do início da Copa no Catar, jogadores de futebol iranianos expressaram apoio contínuo ao movimento popular. Em setembro, a seleção cobriu seus uniformes antes de um amistoso, e no jogo de estreia do Mundial, contra a Inglaterra, a equipe se recusou a cantar o hino nacional.

Contudo, alguns jogadores continuam próximos de altos funcionários do governo. Dois dias antes do time partir para o Catar, dois dos atletas realizaram uma polêmica sessão de fotos com o presidente iraniano, Ebrahim Raisi.

O governo iraniano condenou as manifestações da seleção na Copa do Mundo e, na segunda-feira 28, ameaçou as famílias dos jogadores com prisão e tortura caso eles não “se comportassem” antes da partida nesta terça-feira.

Continua após a publicidade

Antes do jogo, em seu próprio ato de protesto, a seleção dos Estados Unidos postou, nas redes sociais, uma bandeira do Irã sem o emblema da República Islâmica para mostrar “apoio às mulheres no Irã que lutam pelos direitos humanos básicos”. O país respondeu pedindo que a equipe americana fosse expulsa da Copa do Mundo – o que tem chance zero de acontecer.

A última partida de Copa do Mundo entre os Estados Unidos e o Irã, em 1998, na França, foi considerada uma das mais politicamente carregadas da história. Ambos os países referiam-se um ao outro como “O Grande Satã” e um “estado fora da lei”. O Irã venceu, por 2 a 1.

Aquela partida começou com um gesto improvável: os jogadores iranianos deram buquês de flores brancas aos americanos, como um símbolo de paz antes do confronto. A disputa em Lyon aconteceu 20 anos depois que as relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas, como resultado da invasão da embaixada dos Estados Unidos em Teerã em 1979 e a subsequente crise de reféns de 444 dias.

Continua após a publicidade

Apenas um mês antes do jogo, o Departamento de Estado dos Estados Unidos rotulou o Irã como o Estado patrocinador do terrorismo “mais ativo” do mundo, enquanto várias autoridades iranianas de alto escalão mantiveram um fluxo constante de retórica antiamericana.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.