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‘Conselho de Segurança não corresponde ao mundo de hoje’, diz Guterres sobre possível entrada do Brasil

Tema é uma das pautas principais defendidas por Brasília durante presidência do G20

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 nov 2024, 17h06

Na véspera da cúpula de líderes do G20, no Rio de Janeiro, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou neste domingo, 17, que o Conselho de Segurança da ONU “corresponde ao mundo de 1945, não ao mundo de hoje”, reforçando a mensagem a favor de uma reforma do órgão. O tema é uma das pautas principais defendidas por Brasília durante a sua presidência à frente do bloco, à medida que entende que um eventual assento dado a um país da América Latina seria do Brasil.

“Há três países europeus que são membros permanentes. não há nenhum pais africano ou da América do Sul”, disse o chefe da ONU. “Existe um problema de legitimidade porque (o conselho) não representa a realidade de nossos países”.

Criado no cenário pós-Segunda Guerra, o conselho tem quinze membros, sendo dez não permanentes e cinco permanentes: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. Os cinco permanentes podem usar o direito ao veto para bloquear decisões, mesmo que os demais adotem uma posição a favor de determinada pauta – desde a década de 1970, por exemplo, todos os vetos relacionados à questão palestina vieram de um único país, os EUA.

Por conta disso, o Conselho de Segurança tem lutado para chegar a acordos nos últimos anos sobre questões importantes como a invasão russa à Ucrânia, a guerra em Gaza e Coreia do Norte. Qualquer reforma exigiria uma alteração à Carta das Nações Unidas, o que poderia ser vetado pelos membros com assento permanente, cujos poderes para bloquear resoluções e sanções seriam diminuídos.

Segundo o secretário-geral, um dos aspectos da reforma tem a ver justamente com a adesão de novos países, “nomeadamente do sul global”, dizendo esperar ver uma mudança ainda sob seu mandato, que vai até 2026. No ano passado, ele solicitou a criação de um grupo de trabalho composto por ex-chefes de Estado, acadêmicos e especialistas para analisar o cenário e, em relatório, eles afirmaram que uma mudança no sistema atual poderia criar mais transparência e confiança nas relações internacionais.  O documento afirma que “as vozes dos afetados por conflitos” precisam ser incluídas de forma mais significativa nas decisões do órgão.

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Em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA, a embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, afirmou que o tema foi levantado entre o presidente americano, Joe Biden, e Lula durante encontro. “Biden disse que é o momento de expandir o Conselho de Segurança para América Latina, África e Oriente Médio. Eu acho que, a América Latina, as chances estariam com o Brasil, que é o maior país. Mas Biden não disse especificamente qual seria seu escolhido”.

Mais cedo neste ano, durante encontro de chanceleres dos países do G20, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que a proposta defendida pelo Brasil para reforma do Conselho é “muito boa”, reforçando que há uma disparidade de poderes.

“Não é apenas sobre as instituições, é sobre mudança de mindset. Nosso objetivo é fazer com o que nós temos funcione melhor, não necessariamente criando algo novo”, disse aos repórteres. “E, para isso, quanto mais players tivermos na mesa, melhor. Mudar as regras do que existe hoje é mais complicado”.

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