Conselho de Direitos Humanos aprova inquérito sobre violações na Ucrânia
Apenas Rússia e Eritreia votaram contra medida; 32 membros votaram a favor e 13 países se abstiveram
O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas votou em maioria nesta sexta-feira, 4, a favor de uma resolução condenando as supostas violações de direitos cometidas pela Rússia após a invasão à Ucrânia. A decisão abre caminho para uma comissão de investigação contra as denúncias.
“O Conselho de Direitos Humanos decidiu estabelecer com urgência uma comissão independente internacional de inquérito como resultado da agressão russa contra a Ucrânia”, disse o órgão em publicação no Twitter.
Le Conseil des droits de l'homme de l'ONU a décidé d'établir d'urgence une commission d'enquête internationale indépendante suite à l'agression de la #Russie contre l'#Ukraine.
VOTE
✅ POUR : 32
❌ CONTRE : 2
➖ ABSTENTIONS : 13 pic.twitter.com/r4yfTsAyUS— UN Human Rights Council 📍 #HRC49 (@UN_HRC) March 4, 2022
“É nosso dever documentar e avaliar os crimes da Rússia e identificar os responsáveis”, disse a embaixadora da Ucrânia nas Nações Unidas em Genebra, Yevheniia Filipenko, pouco antes da votação.
Na votação, na qual 32 membros votaram a favor, apenas a Eritreia e a Rússia votaram contra a medida, e 13 países se abstiveram, entre eles China, Cuba, Armênia, Cazaquistão, Índia, Uzbequistão e Venezuela.
O embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho, criticou o texto proposto, mas votou junto à maioria.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, elogiou a decisão e afirmou que “evidências serão documentadas e usadas em tribunais internacionais. Criminosos de guerra russos serão responsabilizados”.
A Rússia nega qualquer ataque a civis e, em discurso, o representante russo no Conselho, Evgeny Ustinov, afirmou que apoiadores da medida “usarão quaisquer meios para culpar a Rússia pelos eventos na Ucrânia”.
Na quinta-feira, após a segunda rodada de negociações entre delegações da Rússia e Ucrânia, os dois países concordaram em provisões para proteção de civis, incluindo a criação de corredores humanitários, que permitem o trânsito e retirada de civis e a entrada de suprimentos como remédios e alimentos.
Mais de 2.000 civis foram mortos desde o início da invasão russa à Ucrânia e centenas de estruturas, como instalações de transporte, hospitais, jardins de infância e prédios residenciais foram destruídos, relatou o serviço de emergência ucraniano na quarta-feira.
De acordo com o último relatório militar russo, 1.502 alvos de infraestrutura militar ucraniana foram destruídos desde o início da operação militar na Ucrânia, em 24 de fevereiro.