Congresso aprova acordo de dívida, evitando inadimplência dos EUA
Medida bipartidária veio dias antes da data limite para calote, que produziria estragos na economia americana e global
O Congresso dos Estados Unidos aprovou, na noite de quinta-feira 1, um acordo para elevar o limite da dívida do país, dias antes de a maior economia do mundo tornar-se inadimplente.
Um dia depois do aval da Câmara dos Deputados, a medida bipartidária foi ratificada no Senado por 63 votos a favor, e 36 contra. O presidente Joe Biden já disse que vai transformar o projeto em lei, evitando um calote da sua mastodôntica dívida de US$ 31,4 trilhões (quase R$ 160 trilhões).
Segundo previsão da secretária do Tesouro, Janet Yellen, o país atingiria o atual teto de dívida na próxima segunda-feira, 5 de junho.
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Uma inadimplência impediria o governo de pegar mais dinheiro emprestado e de pagar todas as suas contas. Também causaria estragos na economia global, afetando preços e taxas de juros em outros países.
Na sessão da noite de quinta-feira, o projeto foi aprovado com o apoio de 44 democratas e 17 republicanos, além de dois senadores independentes. Na casa legislativa de 100 cadeiras, que o Partido Democrata controla por apenas uma, era preciso no mínimo 60 votos para ratificar a medida.
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O conteúdo do projeto atraiu objeções tanto de republicanos de direita quanto de democratas de esquerda: 31 membros do Partido Republicano se opuseram ao acordo para suspender o limite da dívida; os senadores democratas John Fetterman e Elizabeth Warren, além de Bernie Sanders, que é independente, também votaram contra.
Inicialmente, os senadores propuseram 11 emendas ao projeto de lei do teto da dívida, mas todas foram rejeitadas rapidamente. Se uma única das emendas tivesse sido aprovada, todo o projeto teria de ser enviado de volta à Câmara, deixando pouco tempo para garantir sua aprovação final antes que os Estados Unidos dessem um calote.
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Em uma rara demonstração de bipartidarismo, o acordo foi facilmente aprovado na Câmara na noite de quarta-feira 31, por uma votação de 314 a 117. Cerca de 165 democratas se juntaram a 149 republicanos para aprová-lo pela maioria simples exigida.
Com os republicanos no controle da câmara baixa do Congresso e os democratas dominando o Senado e a Casa Branca, as negociações para um acordo se arrastaram por semanas. O Partido Democrata defendia que era preciso aumentar o teto para garantir o bem-estar dos eleitores com gastos sociais, enquanto o Partido Republicano dizia que o corte de gastos era o melhor caminho para estabilizar a economia do país.
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No entanto, Biden e o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, conseguiram firmar um acordo no fim de semana passado, que suspende o teto da dívida – o limite de gastos estabelecido pelo Congresso que determina quanto dinheiro o governo pode tomar emprestado – até 1º de janeiro de 2025, depois das próximas eleições presidenciais.
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, os pontos acordados resultarão em uma economia de US$ 1,5 trilhão ao longo de uma década.
A última vez que os Estados Unidos estiveram tão perto de ultrapassar o teto da dívida, em 2011, a agência de crédito Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito do país, uma medida que ainda não foi revertida.