Confrontos entre grupos armados deixam ao menos 24 mortos na Colômbia
Presidente colombiano acusa Nicolás Maduro de proteger grupos guerrilheiros
Ao menos 24 pessoas morreram em confrontos violentos entre grupos rebeldes no fim de semana na região colombiana de Arauca, perto da fronteira com a Venezuela, afirmou nesta terça-feira, 4, o ministro da Defesa, Diego Molano. Os grupos lutavam pelo controle de economias ilegais, como o tráfico de drogas, e, segundo o presidente Iván Duque, é provável que haja civis entre os mortos.
Os confrontos envolvem membros do Exército de Libertação Nacional (ELN), que é considerada a última guerrilha do país, e dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Segundo Duque, uma reunião com autoridades de segurança foi realizada desde o início dos confrontos, enquanto reforços de segurança foram enviados à região do conflito. A onda de violência ocorreu nas cidades de Tame, Fortul, Saravena e Arauquita.
“Ontem, por volta das 5 da tarde, já tínhamos o relatório oficial de 17 pessoas assassinadas. No entanto, durante a noite continuaram a aparecer e neste momento temos 24 pessoas oficialmente registradas como assassinadas”, disse Juan Carlos Villate, procurador de Justiça de Tame em entrevista à rádio local W.
De acordo com Villate, o número de mortes “pode aumentar para 50” e a violência é a pior que já testemunhou na região nos últimos 10 anos.
Entre os mortos estão comandantes intermediários dos dissidentes das Farc, outros do ELN e “simpatizantes, milicianos ou civis que foram apontados como militantes ou líderes políticos de uma organização declarada como alvo militar”, explicou Villate.
Em 2016, as Farc selaram um acordo de paz com o governo, colocando um fim no conflito de 52, participaram em 2018 de um descomissionamento supervisionado pela ONU da última de suas armas acessíveis. No entanto, o grupo formado por dissidentes conta com cerca de 5 mil guerrilheiros, sendo que 85% não fizeram parte da extinta guerrilha. O ELN, por outro lado, tem cerca de 2.500 combatentes.
Sob o mesmo acrônimo, mas com o nome Força Alternativa Revolucionária do Comum, as Farc são hoje um partido político formal na Colômbia e, pelo acordo de paz, receberam dez cadeiras no Congresso.
O governo da Colômbia acusa há anos a Venezuela de abrigar membros da ELN e dissidentes da Farc. O governo venezuelano, por sua vez, nega continuamente a acusação. Em meio à disputa de narrativas, que ainda segue, os dois países romperam relações em 2018.
“Os dois grupos tiveram proteção e guarida do regime de Nicolás Maduro […] onde há muito tempo há uma prática não só de tolerância, mas de proteção ativa destes grupos”, disse Duque, em entrevista à emissora La FM.
Em discurso em 2019 à Assembleia Geral das Nações Unidas, Duque já havia acusado o regime de Maduro de fazer parte da rede internacional de terrorismo e prometeu entregar um dossiê com provas das acusações. Como parte das provas, o presidente da Colômbia citou os depoimentos de cidadãos venezuelanos que fugiram do país, que denunciaram a existência de campos de treinamento e de aeroportos usados pelos narcotraficantes do ELN.