Confiança no governo de Milei despenca 15% pela primeira vez, aponta pesquisa
Em uma escala de 0 a 5, Milei recebeu uma nota de 2,16 pontos, um valor inferior aos registrados pelos ex-presidentes Mauricio Macri e Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Javier Milei, parece estar diante de uma guinada negativa na popularidade do seu governo. É o que mostra uma pesquisa da Universidade Torcuato Di Tella, divulgada nesta segunda-feira, 23: pela primeira vez, o Índice de Confiança Governamental (ICG) despencou em 15% em setembro, quando comparado ao mês anterior — o pior desempenho do político libertário desde que chegou ao poder, em dezembro do ano passado.
“A medição de setembro da gestão Milei registra o nível mínimo do índice de confiança desde o início de seu governo. A queda de 14,8% no índice é a mais pronunciada da gestão, identificando uma ruptura com a estabilidade do ICG”, apontou a pesquisa. “Isso indica que o ICG atual começa a identificar variações na confiança da opinião pública mais marcantes do que durante os primeiros meses de gestão.”
Em uma escala de 0 a 5, Milei recebeu uma nota de 2,16 pontos, um valor inferior aos registrados pelos ex-presidentes Mauricio Macri e Alberto Fernández, seu antecessor, no mesmo período do mandato. A confiança no economista de 53 anos é maior entre homens, especialmente na faixa etária dos 18 aos 29 anos, moradores do interior e pessoas que concluíram o Ensino Superior. Há também os otimistas: aqueles que acreditam que a situação econômica da Argentina melhorará no próximo ano, mantendo a fé no presidente ultradireitista.
O líder argentino foi avaliado em cinco categorias: “preocupação com o interesse geral”; “avaliação geral do governo”; “eficiência na administração dos gastos públicos”; “honestidade dos funcionários”; e “capacidade de resolver os problemas do país”. A queda foi percebida em todos os critérios, em comparação com agosto. Só na eficiência com os gastos, o ICG foi de -18% em setembro.
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Problemas por todos os lados
As más notícias para a Casa Rosada também trataram de aparecer em outras pesquisas. Para Opina Argentina, consultoria que normalmente apresenta os melhores índices para o governo, a aprovação da gestão de Milei caiu 6 pontos. O declínio foi maior entre eleitores do presidente argentino do primeiro turno (84% para 64%), moradores de Buenos Aires (48% para 39%) e mulheres (42% para 35%).
“A queda se deve ao fato de que os resultados em relação à reativação do ciclo econômico e melhorias de renda não aparecem (no dia a dia). Assim, a sociedade, logicamente, começa a sofrer um desgaste no apoio ao Presidente. É a pergunta que vêm nos fazendo e que também nos fazemos há algum tempo. Até quando dura? Bem, aqui pode ter surgido uma primeira camada com menos paciência”, opinou Facundo Nejamkis, à frente do instituto, ao portal de notícias argentino Infobae.
Na CB Consultora Opinión Pública, que conduz um ranking de presidentes da América do Sul, o político ultraliberal aparece no sexto lugar (46,4%). Em julho, ele era líder da lista, com 55,7%. A consultoria política Synopsis também mostra uma queda desde junho, com pior resultado até o momento em setembro: os otimistas com as expectativas econômicas agora são minoria (37,8%), enquanto os pessimistas ganharam espaço (46,8%).