Dia das Mães: Assine a partir de 9 por revista

Como a Itália se tornou o segundo país mais afetado pelo coronavírus

Já foram registradas 7.375 infecções em todo o país, além de 366 mortes; mais de 15 milhões de pessoas estão em quarentena

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 mar 2020, 20h07 - Publicado em 9 mar 2020, 19h13

O governo da Itália estendeu para todo o país as medidas excepcionais de quarentena para tentar conter a epidemia do novo coronavírus. Antes restritas ao norte italiano, as medidas valerão agora para toda a população de 60 milhões de habitantes. Ao todo, já foram registradas 7.375 infecções, distribuídas nas 20 regiões da Itália, e 366 mortes até esta segunda-feira, 9.

A Itália é atualmente o segundo país mais afetado pelo novo coronavírus no mundo, atrás apenas da China, onde surgiu a epidemia de Covid-19. As autoridades ainda não sabem como a doença chegou ao país e buscam o “paciente 0”.

Com a ação anunciada pelo governo, foram decretadas restrições a mais de 15 milhões de pessoas, 25% da população, incluindo os moradores de Milão e Veneza, uma medida semelhante à adotada por Pequim. Entenda algumas das razões que podem ter levado à propagação do surto na nação europeia e saiba quais foram os erros cometidos pelas autoridades locais na contenção da epidemia.

Intenso tráfego aéreo com a China

O grande número de casos de infecções pelo novo coronavírus na Itália pode ser explicado pelo intenso tráfego aéreo que o país mantém com a China. O país se tornou a nação europeia que mais recebe e envia voos para território chinês depois que um memorando de entendimento entre os dois países foi assinado em janeiro de 2020 para expandir o turismo.

Paciente 1

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, admitiu que o hospital que tratou o primeiro caso conhecido de coronavírus do país em Codogno, no norte, não seguiu o protocolo indicado para doenças infecciosas. O premiê não deu detalhes sobre como as recomendações foram desrespeitadas.

Continua após a publicidade

Ainda que a origem do surto não tenha sido totalmente esclarecida, as autoridades italianas consideram Mattia, de 38 anos, como o “paciente 1”. O homem foi admitido no pronto socorro do hospital de Codogno em 19 de fevereiro com problemas respiratórios. Segundo a imprensa local, ele ficou 36 horas em observação no local, durante as quais entrou em contato com outros pacientes, médicos, funcionários, além de familiares e amigos.

Mattia foi chamado de “super contaminador” depois que ao menos 13 pessoas em seu entorno foram diagnosticadas com a doença. Entre os infectados estavam sua mulher grávida, um amigo com quem ele supostamente se encontrou para correr, três idosos que frequentaram o bar gerenciado pelo pai de seu amigo e oito funcionários e pacientes do hospital.

Atualmente, o homem se encontra internado em um hospital na comuna de Pavia, após ser transferido do primeiro centro onde se apresentou. Sua mulher está estável. A Procuradoria italiana abriu uma investigação para apurar os erros cometidos pelo hospital no caso.

Continua após a publicidade

Administração regional

Especialistas apontam que a administração pouco centralizada da Itália, baseada na força dos governos regionais, também pode ter impactado a velocidade da resposta ao surto. Walter Ricciardi, membro da Organização Mundial da Saúde (OMS) e conselheiro do governo italiano, admitiu a jornalistas na semana passada que foi difícil organizar as respostas em nível regional. 

“As medidas que foram tomadas recentemente, que o primeiro-ministro e todos os ministros estão atualmente discutindo com as regiões, estão indo na direção certa”, disse. “Mas todos os mecanismos de organização e gestão são confiados às regiões, ao contrário de outros países que possuem uma única linha de comando, e por isso não é coincidência que eles tenham menos casos do que nós atualmente.”

Analistas também apontaram a demora do governo em restringir voos do norte para outras partes do país no início da epidemia como um dos fatores que levaram à expansão do surto. Atualmente a região de Lombardia e outras 14 províncias estão em quarentena, mas no início da epidemia os voos circulavam normalmente e os viajantes não foram monitorados.

Continua após a publicidade

Demora em diagnósticos

Alguns casos de diagnósticos tardios de Covid-19 também chamaram a atenção da imprensa mundial. Um dos episódios mais comentados foi o de um idoso de 75 anos que morreu antes que a doença fosse identificada.

Morador da comuna de San Marco in Lamis, o homem infectou sua mulher e filha, que depois entraram em contato com ao menos 70 familiares no velório do italiano – que estão todos em quarentena atualmente. Somente após o corpo ser liberado para o enterro o resultado do exame que comprovou o diagnóstico de Covid-19 foi liberado, sem tempo para que as autoridades impedissem o evento.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.