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Comitê culpa Trump por ‘tentativa de golpe’ no ataque ao Capitólio

Em audiência televisionada no horário nobre dos EUA, investigação sobre invasão à sede do Congresso em 2020 detalha campanha de Trump para manter poder

Por Da Redação
Atualizado em 10 jun 2022, 09h29 - Publicado em 10 jun 2022, 09h17

O comitê da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, que investiga a invasão de 6 de janeiro de 2020 no Capitólio em Washington, D.C., disse pela primeira vez na noite da quinta-feira 9 que Donald Trump fez uma “tentativa de golpe” e que o ataque não havia sido espontâneo.

A audiência foi transmitida no horário nobre da televisão americana, evocando o clima das transmissões da investigação sobre Watergate. O espetáculo contou com um vídeo inédito de 12 minutos que mostrou grupos extremistas liderando o cerco da sede do Congresso, e também testemunhos surpreendentes do círculo mais íntimo de Trump.

“A democracia continua em perigo”, disse o deputado democrata Bennie Thompson, presidente do painel. “O dia 6 de janeiro [de 2020] foi o pico de uma tentativa de golpe, uma tentativa descarada, como disse um manifestante pouco depois de 6 de janeiro, para derrubar o governo. A violência não foi um acidente.”

Para Thompson, quem nega a realidade da invasão se assemelha àqueles que “justificavam a escravidão, a Ku Klux Klan e o linchamento.”

Mesmo no horário nobre, as audiências podem não mudar as opiniões dos americanos sobre o ataque ao Capitólio. Mas no ano das eleições de meio de mandato – em que vários candidatos do Partido Republicano ecoam a narrativa de que a eleição de 2020 foi fraudada e, portanto, a invasão ao Capitólio uma revolta justificada –, e com Trump considerando outra candidatura à Casa Branca, o relatório final do comitê visa explicitar que este foi o ataque mais violento ao Capitólio desde 1814 e garantir que isso nunca aconteça novamente.

As testemunhas selecionadas descreveram como Trump se ancorou às suas alegações infundadas sobre fraude eleitoral, conclamando que seus apoiadores fossem ao Capitólio em 6 de janeiro, quando o Congresso certificaria os resultados do pleito. No entanto, o círculo mais íntimo do ex-presidente admitiu que Joe Biden havia vencido a eleição.

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O ex-procurador-geral Bill Barr testemunhou que disse a Trump que as alegações de uma eleição fraudada eram “tolas”. A filha do ex-presidente, Ivanka Trump, disse que respeitava a visão de Barr de que não havia fraude eleitoral. “Aceitei o que ele disse.”

Além disso, vídeos mostraram líderes dos grupos extremistas Oath Keepers e Proud Boys se preparando para invadir o Capitólio para defender Trump. Muitos de seus membros disseram ao comitê que eles foram ao Capitólio porque Trump pediu.

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Documentos judiciais mostram que membros dos Proud Boys e Oath Keepers estavam discutindo já em novembro a necessidade de lutar para manter Trump no cargo. Líderes de ambos os grupos e alguns membros já foram indiciados por acusações de sedição devido à invasão e o Departamento de Justiça prendeu e acusou mais de 800 pessoas pela violência naquele dia, o maior arrastão de sua história.

“O presidente Trump convocou uma multidão violenta”, disse a deputada republicana Liz Cheney, vice-presidente do painel. “Quando um presidente deixa de tomar as medidas necessárias para preservar nossa união – ou pior, causa uma crise constitucional – estamos em um momento de perigo máximo para nossa república.”

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Cheney leu um relato que dizia que Trump, ao saber que a multidão no Capitólio estava pedindo para que o vice-presidente Mike Pence fosse enforcado por se recusar a bloquear os resultados das eleições, respondeu: “Ele merece”.

Ela também afirmou que Trump tinha um “plano sofisticado de sete pontos” para derrubar as eleições presidenciais de 2020 ao longo de vários meses.

“Na manhã de 6 de janeiro, a intenção do presidente Donald Trump era permanecer presidente dos Estados Unidos, apesar do resultado legal das eleições de 2020 e em violação de sua obrigação constitucional de renunciar ao poder”, disse.

Policiais que protegiam o Capitólio no dia 6 de janeiro de 2020 também participaram da audiência. Uma policial, Caroline Edwards, testemunhou ao painel que escorregou no sangue de outras pessoas quando manifestantes passaram por ela para invadir o prédio e ela sofreu lesões cerebrais na confusão.

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Mais de 100 policiais ficaram feridos na ocasião, e muitos foram espancados. A multidão de manifestantes pró-Trump levou canos, bastões e spray de pimenta na invasão. Pelo menos nove pessoas que estavam lá morreram durante e após o tumulto, incluindo uma mulher que foi baleada e morta pela polícia.

Trump, sem pedir desculpas, rejeitou a investigação novamente – e até declarou nas redes sociais que o dia 6 de janeiro “representava o maior movimento da história do nosso país”.

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A maioria das redes de TV transmitiu a audiência ao vivo, exceto a Fox News – emissora com a qual Trump tem relação simbiótica.

As próximas audiências serão transmitidas na segunda-feira, 13, e na quarta-feira, 15. Segundo o painel, será detalhada a campanha infundada de Trump, “Stop the steal” (“Parem a fraude”).

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