Combate entre exército e paramilitares deixa quase 100 mortos no Sudão
OMS adverte que hospitais em Cartum estão sem suprimentos essenciais para tratar feridos, enquanto confrontos entram no terceiro dia
Pelo menos 97 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas em confrontos que se espalharam pelo Sudão durante o fim de semana. Nesta segunda-feira, 17, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que alguns hospitais do país estão ficando sem suprimentos essenciais para tratar os feridos.
Os combates eclodiram no sábado 15 entre unidades do exército leais ao general Abdel Fattah al-Burhan, chefe do Conselho Soberano do governo de transição do Sudão, e as Forças de Apoio Rápido paramilitares, lideradas pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, que é vice-chefe do conselho.
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Foram os primeiros confrontos do tipo desde que os dois grupos uniram forças para derrubar o autocrata islâmico Omar al-Bashir do poder, em 2019. A violência começou por causa de um desacordo sobre a integração dos paramilitares nas forças armadas, como parte de uma transição para o regime civil, para acabar com a crise político-econômica provocada por um golpe militar em 2021.
Burhan e Hemedti concordaram com uma pausa de três horas nos combates no domingo 16 para permitir retiradas humanitárias propostas pelas Nações Unidas, mas o combinado foi ignorado após uma breve calmaria.
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Em um comunicado na manhã desta segunda-feira, o sindicato dos médicos do Sudão disse que pelo menos 97 civis foram mortos e 365 outros ficaram feridos desde o início dos combates.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu um cessar-fogo imediato e um retorno às negociações para colocar o Sudão sob um governo liderado por civis.
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Em nota, o Itamaraty informou que o governo brasileiro acompanha o caso com “preocupação” e “exorta as partes à contenção e à cessação imediata dos combates”. O órgão ressaltou que a comunidade brasileira no Sudão é composta por 15 pessoas, com as quais a embaixada localizada em Cartum vem mantendo contato.
A crise violenta, há muito temida, entre as duas principais facções do regime militar sudanês ameaça desestabilizar não apenas o país, mas grande parte da região, além de exacerbar uma batalha por influência que envolve as principais potências do Golfo, Estados Unidos, União Europeia e Rússia.