Com todas as honrarias, Itália realiza funeral de Estado para Berlusconi
Milhares de italianos se preparam para se despedir do controverso ex-líder do país
A Itália está preparando um funeral de Estado para o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi nesta quarta-feira, 14. Milhares de pessoas são esperadas na despedida do magnata da mídia, em Milão.
A cerimônia vai acontecer na catedral gótica Duomo e será exibida ao vivo em telões na praça em frente ao templo. Grandes coroas de flores com as cores da bandeira italiana enfeitam o local.
Berlusconi morreu na última segunda-feira, 12, aos 86 anos, devido a complicações da leucemia. Adorado e odiado pelos italianos em igual medida, o ex-premiê estava doente havia vários anos, embora continuasse sendo o chefe oficial de seu partido de direita Força Itália, membro do governo de coalizão da primeira-ministra do país, Giorgia Meloni.
“Ame-o ou odeie-o, você deve reconhecer que ele era uma força da natureza”, disse Matteo Renzi, ex-premiê italiano, acrescentando que, após a morte de Berlusconi, “nada será como antes”.
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Primeiro-ministro mais longevo na história do pós-guerra da Itália, e reeleito para o Senado no ano passado, Berlusconi ficou famoso por suas polêmicas gafes no cenário internacional. Entre os amigos íntimos do bilionário estava o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que não pôde comparecer à cerimônia devido à guerra na Ucrânia.
Berlusconi deixa uma namorada de 33 anos, Marta Fascina, com quem se casou em uma cerimônia falsa – sem oficialização – no ano passado e que estava ao lado de sua cama quando ele faleceu. Ela deve se juntar aos bancos da frente com as duas ex-esposas e os cinco filhos do magnata, alguns dos quais ajudaram a administrar seu império midiático, recentemente estimado em cerca de US$ 7 bilhões (R$ 34 bilhões).
“Você foi um grande homem e um pai extraordinário para nossos filhos”, escreveu Carla Dall’Oglio, primeira esposa de Berlusconi.
Meloni, o presidente italiano, Sergio Mattarella, e o chefe do partido de extrema direita Liga, Matteo Salvini, que também compõe a coalizão governista, devem comparecer ao funeral. A União Europeia será representada por seu comissário de Economia, Paolo Gentiloni. Ainda não está claro quais outros líderes mundiais vão comparecer à cerimônia.
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Na Itália, bandeiras foram hasteadas a meio mastro em todos os prédios públicos em homenagem ao líder. O Parlamento foi suspenso por três dias e o governo declarou luto nacional na quarta-feira, primeira vez em que a honra se estende a um ex-primeiro-ministro.
A decisão foi condenada por críticos de Berlusconi, que o acusaram de clientelismo, corrupção e de usar leis para proteger seus próprios interesses. Além da política, o ex-líder também estendia sua influência na TV, nos jornais e no esporte.
O senador Andrea Crisanti disse que era “fortemente contra” tais honras nacionais para “alguém que não tinha respeito pelo Estado”, citando a condenação definitiva de Berlusconi por fraude fiscal em 2013.
Rosy Bindi, ex-chefe da Comissão Antimáfia, disse que as homenagens eram “inoportunas” para “uma pessoa tão divisiva quanto Berlusconi”, enquanto o jornal italiano La Repubblica disse que a “paralisação institucional” foi “extrema” e comparou as honrarias ao protocolo do Reino Unido depois da morte da rainha Elizabeth II.
Berlusconi construiu um mausoléu de mármore inspirado no dos faraós em sua villa em Arcore, perto de Milão, para abrigar sua família e amigos quando eles morrerem. Ainda não está claro, contudo, se a permissão necessária para enterrar o ex-primeiro-ministro no local foi concedida.