Com sobreviventes e líderes, mundo marca 80° aniversário da libertação de Auschwitz
Mais de 1 milhão de judeus e outras minorias foram mortos no campo de concentração polonês durante a II Guerra Mundial

Líderes mundiais e sobreviventes se reuniram na Polônia nesta segunda-feira, 27, para o 80°aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde mais de 1 milhão de judeus e outras minorias foram mortos durante a II Guerra Mundial. Neste ano, a data coincide com o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Representantes de cerca de 40 países confirmaram presença na cerimônia, incluindo o rei Charles III, do Reino Unido, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron. No entanto, as autoridades ficarão em silêncio durante o evento: o foco são discursos de cerca de 50 sobreviventes do campo de extermínio nazista.


“Não faz bem ao coração, à mente, a nada”, disse a sobrevivente do Holocausto Jona Laks, de 94 anos, sobre seu retorno a Auschwitz. “Mas é necessário. É necessário que o mundo saiba”, completou.
Em comunicado, o Memorial e Museu de Auschwitz reconheceu a exigência e desgaste “físico e emocional” que representa o retorno dos sobreviventes ao antigo local do campo de concentração.
O dia começará com os sobreviventes e o presidente polonês, Andrzej Duda, colocando uma coroa de flores no “Muro da Morte” em Auschwitz I, onde milhares de prisioneiros foram executados. Já em Birkenau, conhecido como Auschwitz II, uma tenda aquecida foi erguida no “Portão da Morte” para abrigar os eventos e proteger os participantes do frio. A cerimônia principal começa às 16h00 locais (12h no horário de Brasília).


Um dos símbolos do 80° aniversário é um vagão de trem de carga, que será colocado em frente ao portão principal em memória dos aproximadamente 420 mil judeus húngaros que foram deportados para Auschwitz.
Cerca de 1,1 milhão de pessoas foram assassinadas pelo Terceiro Reich em Auschwitz-Birkenau entre 1940 e 1945, sendo a maioria judeus, mas também poloneses, ciganos e prisioneiros de guerra soviéticos. A libertação de Auschwitz pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945 revelou ao mundo o horror do Holocausto e os crimes do regime nazista.


Antissemitismo na atualidade
O Conselho Europeu afirmou em uma declaração que o continente está testemunhando “um aumento sem precedentes no antissemitismo em nosso continente, inédito desde a II Guerra Mundial”, além de um “aumento alarmante no negacionismo e distorção do Holocausto, bem como teorias da conspiração e preconceito contra judeus”.


O papa Francisco, por sua vez, lançou um alerta sobre o “flagelo do antissemitismo” durante a oração do domingo 26. “Renovo meu apelo para que todos trabalhem juntos para erradicar o flagelo do antissemitismo, juntamente com todas as formas de discriminação e perseguição religiosa”, disse o pontífice.
O 80°aniversário da libertação de Auschwitz-Birkenau ocorre em um momento de crescente preocupação com o aumento do antissemitismo na Europa, agravado pelas tensões no Oriente Médio. De acordo com uma pesquisa da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA), publicada em junho do ano passado, algumas organizações comunitárias judaicas relataram um aumento de mais de 400% nos incidentes antissemitas desde outubro de 2023, quando o grupo terrorista palestino Hamas lançou um ataque contra Israel, dando início à guerra em Gaza. Os conflitos no Oriente Médio também levaram a um aumento de incidentes islamofóbicos em toda a Europa.