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Coalizão liderada pelos EUA fez ataques ´indiscriminados´ na Síria

Anistia Internacional acusa os EUA, Reino Unido e França de terem matado milhares de civis para recuperar Raqqa do controle do Exército Islâmico

Por Da Redação
Atualizado em 5 jun 2018, 20h16 - Publicado em 5 jun 2018, 18h26

A Anistia Internacional denunciou nesta terça-feira, 5, que os ataques da coalizão liderada pelos Estados Unidos em Raqqa, na Síria, provavelmente romperam a lei humanitária internacional. Segundo a rede de televisão CNN, a organização de direitos humanos acusou a coalizão de matar milhares de civis em ataques “desproporcionais e indiscriminados” durante bombardeios contra militantes do Exército Islâmico (EI).

As denúncias constam do relatório “Guerra de Aniquilação”, para o qual a Anistia Internacional entrevistou 112 civis dos 42 locais bombardeados pela coalizão composta pelos Estados Unidos, Reino Unido e França.

“O argumento da coalizão de que sua campanha aérea precisa permitiu o bombardeio (do Exército islâmico) fora de Raqqa causando poucas mortes de civis não passa por nenhum escrutínio”, disse Donatella Rovera, conselheira da Anistia Internacional para respostas a crises. “Em Raqqa, nós testemunhamos um nível de destruição incomparável aos que vimos em décadas de cobertura do impacto de guerras.”

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O Exército Islâmico controlou Raqqa por quatro anos e cometeu “inúmeros crimes de guerra”. Mas,  segundo a Anistia Internacional, isso não justifica a despreocupação da coalizão em minimizar os danos civis. A ofensiva da coalizão começou há um ano.

Segundo a Anistia, as forças americanas reconheceram ter disparado 30 mil rodadas de artilharia durante a ofensiva contra Raqqa. Como parte da coalizão, os Estados Unidos foram responsáveis por 90% dos ataques.

Entre os casos pessoais citados no relatório está o de uma família de quatro civis que perderam 90 parentes e vizinhos. A maioria morreu durante os ataques da coalizão. O documento menciona também os casos dos que tentaram fugir dos bombardeios e acabaram mortos por atiradores do Exército Islâmico.

A família Badran, segundo o texto, fugiu para vários lugares da cidade. De seus membros, 39 foram mortos, além de dez vizinhos. “Nós fomos ingênuos. No momento em que percebemos o quão perigoso havia se tornado qualquer canto, já era muito tarde”, disse Rosha Badran, uma das sobreviventes da família, à Anistia Internacional.

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À CNN, o comando da missão dos Estados Unidos na Síria afirmou ter feito esforços rigorosos para evitar a morte de civis. Disse ainda ter sido transparente sobre os seus ataques e informou que rotineiramente avalia toda alegação sobre morte de civis.

“A coalizão emprega padrões rigorosos no processo de definição dos nossos alvos e faz esforços extraordinários para proteger os não-combatentes”, informou, por meio de comunicado.

Também para a CNN, um porta-voz do Ministério da Defesa do Reino Unido informou que sua missão na Síria cumpre totalmente a lei humanitária internacional, além de ter detalhado cada um de seus 1.700 ataques de forma aberta e transparente.

“Fazemos de tudo para minimizar os riscos para as vidas de civis de acordo com um processo rigoroso de definição de alvos e com o profissionalismo das equipes (da Real Força Aérea). Mas, dados o comportamento cruel e desumano do Exército Islâmico e o ambiente urbano congestionado e complexo em que nós operamos, devemos aceitar que o risco de mortes de civis inadvertidas está sempre presente”.

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Conferência à deriva

Os Estados Unidos decidiram boicotar nesta terça-feira a reunião plenária semanal da Conferência de Desarmamento em Genebra por ser presidida, desde a semana passada, pela Síria.

“Devido às reiteradas tentativas da Síria na semana passada de utilizar a presidência da conferência de desarmamento para normalizar o regime e seu comportamento inaceitável e perigoso, não participamos na sessão deste dia”, afirmou o embaixador americano Robert Wood, em um comunicado.

“Continuaremos a defender os interesses dos Estados Unidos na Conferência sobre o Desarmamento”, acrescentou ele, que representa seu país nesse organismo internacional.

A presidência da Conferência sobre o Desarmamento é rotativa e muda a cada quatro semanas de acordo com a ordem alfabética. Ao final do período da Suíça, a Síria assumiu a presidência no 28 de maio.

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Nesta terça-feira, em uma sessão anterior, os Estados Unidos alegaram ser uma “farsa” a presidência síria da organização, uma vez que o regime de Damasco é acusado de uso de armas químicas contra sua população.

Wood retirou-se da sala quando o embaixador sírio Husam Edin A’ala, abriu a sessão no Palácio das Nações, em Genebra. Foi seguido pelo  embaixador de Israel, Aviva Raz Shechter. Os delegados da Grã-Bretanha, Austrália e França expressaram sua oposição à presidência síria.

O embaixador sírio denunciou nesta terça-feira a “politização” da conferência, apoiado pelo Paquistão e pela Venezuela, que pediram respeito às regras de funcionamento da conferência.

Os trabalhos da Conferência, no entanto, serão afetados nas próximas semanas porque dois dos cinco coordenadores de grupos se recusam a trabalhar sob a presidência síria.

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“Representantes da Holanda e da Alemanha não responderam favoravelmente ao convite do presidente da conferência sobre o desarmamento para participar nas consultas informais em 4 de junho”, disse uma porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci.

(Com AFP)

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