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Cinco lições que polêmico discurso ao Congresso ensina sobre o governo Trump

Presidente dos EUA usou evento como um comício, estabelecendo sua visão para o segundo mandato que promete turbulências a todo segundo

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 mar 2025, 14h38 - Publicado em 5 mar 2025, 09h17

Durante sessão conjunta do Senado e da Câmara dos Estados Unidos, na noite de terça-feira 4, o presidente do país, Donald Trump, realizou um primeiro (e estridente) discurso ao Congresso. Foi a fala mais longa da história de um chefe da Casa Branca a legisladores, em que delineou sua visão para o segundo mandato à imagem e semelhança das primeiras seis semanas turbulentas de volta ao cargo.

Aplaudido pelos republicanos e vaiado pelos democratas, ele indicou que vai continuar usando demissões em massa para enxugar a máquina pública e usar toda a força do Estado para reprimir a imigração, ao mesmo tempo que impõe tarifas aos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos e abala a aliança transatlântica com a Europa devido às posições sobre a guerra na Ucrânia.

Aqui estão cinco lições que o discurso da noite anterior ensina.

Tarifas à vista – mas não sem obstáculos

Após novo dia de turbulência nos mercados, Trump minimizou as potenciais consequências de uma guerra comercial que ele iniciou nesta semana, com tarifas de 25% sobre o México e o Canadá, e mais 10% sobre as importações chinesas.

“As tarifas são sobre tornar os Estados Unidos ricos e grandes novamente”, disse ele. “E isso está acontecendo. E vai acontecer bem rápido. Haverá uma pequena perturbação, mas estamos bem com isso. Não, nada demais”, completou, acrescentando que tarifas recíprocas (aquelas que respondem na mesma moeda às taxas aplicadas por outros países sobre produtos americanos e que devem afetar o Brasil) entrariam em vigor em 2 de abril.

Mas, em contraste com os efusivos aplausos a seus outros objetivos políticos, muitos republicanos permaneceram sentados – sinal de que os impostos de Trump dividiram seu partido. Além disso, no início do dia, o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, sugeriu à Fox Business que as punições econômicas poderiam ser evitadas por meio de um acordo comercial com o México e o Canadá, que tem chance de ser anunciado já nesta quarta-feira 5.

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Enquanto isso, seu expansionismo persiste, em meio a sugestões de que pode usar o poderio econômico dos Estados Unidos para conquistar seus objetivos. Repetindo seu desejo de que os Estados Unidos anexem a gigante ilha da Groelândia, localizada no Ártico, ele prometeu: “Nós vamos conseguir. De uma forma ou de outra”. Ele também disse que sua administração “recuperaria” o Canal do Panamá.

Acordo para acessar minerais ucranianos está de pé

Depois do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estender na manhã de terça um ramo de oliveira a Trump, a tensão provocada por uma conturbada reunião entre os líderes na Casa Branca, na semana passada, parece ter se aplacado (ao menos minimamente).

O americano disse que recebeu uma “carta importante” do líder ucraniano no início do dia, em que Zelensky afirmou que agora estava pronto para trabalhar sob a “forte liderança” de Trump para acabar com a guerra contra a Rússia e “chegar à mesa de negociações o mais rápido possível para trazer uma paz duradoura mais perto”.

A manifestação de Zelensky veio um dia depois de Trump suspender toda a ajuda militar dos Estados Unidos a Kiev. Na semana passada, o ucraniano cancelou os planos de firmar um acordo com Washington para empresas americanas terem acesso privilegiado aos minerais críticos de seu país, mas agora espera-se que o chefe da Casa Branca anuncie a assinatura do pacto a qualquer momento.

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Apoio incondicional a Musk

No início de sua fala, Trump mencionou o nome de seu principal conselheiro, o bilionário Elon Musk, que estava assistindo ao discurso no Capitólio.

Chefiada pelo magnata, a força-tarefa conhecida como Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) já demitiu dezenas de milhares de funcionários federais, cortou bilhões de dólares em assistência humanitária internacional e cortou programas em todo o governo dos Estados Unidos.

O dono do X e da Tesla, vestindo um terno escuro com uma gravata azul, levantou-se e reconheceu os aplausos da multidão. “Obrigado, Elon”, disse o presidente. “Ele está trabalhando muito duro.” O Doge afirma ter economizado 105 bilhões de dólares, mas esse número não pôde ser verificado de forma independente. Recibos de 18,6 bilhões de dólares em economias foram publicados, mas a mídia americana denunciou erros contábeis.

Os cortes de Musk provocaram revolta dentro do governo. Algumas de suas instruções a funcionários federais foram inclusive anuladas por membros do gabinete de Trump. Deputados democratas compareceram à sessão do Congresso e seguraram cartazes dizendo “Musk rouba” e “Falso”.

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Democratas começam a ensaiar uma resistência

Depois de passarem as primeiras semanas do governo Trump aturdidos, democratas compareceram ao evento no Congresso com cartazes dizendo “Isso é mentira”, em referência às declarações infundadas do presidente, e nos primeiros cinco minutos do discurso, o deputado Al Green, do Texas, foi escoltado para fora do Capitólio por se recusar a cumprir as exigências do presidente da Câmara (que ele parasse de importunar o presidente e tomasse seu assento).

Com os republicanos no controle da Casa Branca, da Câmara e do Senado, o Partido Democrata ainda não encontrou uma figura de liderança enquanto tenta aprimorar sua mensagem e conter a onda de atividades do governo Trump.

Muitas mulheres da legenda chegaram ao evento de terça usando terninhos cor-de-rosa, algumas com as palavras “Resista” impressas nas costas de suas camisas. Várias saíram da câmara legislativa durante o discurso, em protesto.

O Partido Democrata escolheu Elissa Slotkin, senadora do Michigan, para dar a resposta oficial do partido ao discurso de Trump. Ela acusou o presidente de fazer uma “doação sem precedentes para seus amigos bilionários” e alertou que “ele pode nos levar direto para uma recessão”.

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Aposta na energia para reduzir a inflação – seu aparente ponto fraco

Durante sua campanha, Trump prometeu que reduziria a inflação e usou o discurso ao Congresso para reiterar que seu foco é diminuir o custo da energia, abrindo o país para mais exploração de petróleo e gás.

“Temos mais ouro líquido sob nossos pés do que qualquer nação na Terra, e agora eu autorizo ​​totalmente a equipe mais talentosa já reunida a ir buscá-lo”, declarou, repetindo o slogan “drill, baby, drill” (“perfure, baby, perfure”).

O aumento do preço dos ovos virou manchete nas últimas semanas, e Trump deixou claro que considera seu antecessor, Joe Biden, responsável pelo problema. No ano passado, o então presidente ordenou que milhões de aves fossem sacrificadas em meio a um surto de gripe aviária.

No entanto, os preços (não só dos ovos) continuam subindo na presidência de Trump. A inflação cresceu ligeiramente no mês passado, batendo os 3% – mas muito abaixo do pico de 9,1% em 2022. Apenas um em cada três americanos aprova a forma como o republicano lida com a crise do custo de vida, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na terça-feira.

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