China recusa pedido dos EUA para reunião entre chefes de Defesa
O gesto de inimizade pode intensificar as tensões de segurança na Ásia-Pacífico, bem como disputas comerciais
A China recusou um pedido dos Estados Unidos para uma reunião entre seus chefes de Defesa durante um fórum anual de segurança em Singapura neste fim de semana. A informação foi divulgada pela mídia americana nesta segunda-feira, 30, em um novo sinal de tensão entre as potências.
“Durante a noite, a RPC [República Popular da China] informou aos Estados Unidos que recusou nosso convite do início de maio para o secretário (Lloyd) Austin se reunir com o ministro da Defesa Nacional da RPC, Li Shangfu, em Singapura”, disse o Pentágono em comunicado ao jornal americano The Wall Street Journal.
O Pentágono afirmou que acredita na comunicação “para garantir que a competição não se transforme em conflito”.
Na semana passada, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, declarou que o Departamento de Defesa pretendia abrir negociações entre Austin e seu colega chinês, que foi nomeado ministro da Defesa em março.
A reunião viria em meio a crescente tensões de segurança na Ásia-Pacífico, bem como disputas comerciais, que atrapalharam os planos de reaproximação das duas maiores economias do mundo.
O Ministério das Relações Exteriores da China culpou os Estados Unidos por sua decisão nesta terça-feira, alegando que Washington estava “bem ciente” das razões por trás da falta de comunicação militar.
“O lado dos Estados Unidos deve corrigir imediatamente suas práticas erradas, mostrar sinceridade e criar a atmosfera e as condições necessárias para o diálogo e a comunicação entre os dois militares”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, a repórteres em um briefing.
Na semana passada, a secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, e o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, trocaram farpas sobre políticas comerciais, de investimento e de exportação em uma reunião em Washington.
Austin e Li estarão em Singapura para participar do Shangri-la Dialogue, um evento anual que começa na sexta-feira, 2. O evento reúne, informalmente, oficiais e analistas de defesa de todo o mundo. Espera-se que ambos realizem reuniões bilaterais com colegas de toda a região.
Li, um dos líderes da modernização do Exército de Libertação do Povo, está sob sanções americanas desde 2018, devido à compra de aeronaves e equipamentos de combate do principal exportador de armas russo, Rosoboronexport. Ele é membro da Comissão Militar Central, o principal órgão de defesa da China comandado pelo presidente Xi Jinping.