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China ameaça EUA com represálias por promulgação de lei sobre Hong Kong

Legislação permite que o governo americano aplique sanções econômicas contra autoridades chinesas

Por Da Redação
28 nov 2019, 12h44

A China reagiu com irritação nesta quinta-feira, 28, à assinatura pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma lei que apoia os protestos em Hong Kong, chamando-a de “abominação absoluta” e ameaçando retaliar o governo americano. A legislação possibilita que a Casa Branca aplique sanções econômicas contra autoridades chinesas e do território autônomo que sejam acusadas de violações aos direitos humanos.

O governo chinês convocou o embaixador dos Estados Unidos em Pequim, Terry Branstad, pela segunda vez em quatro dias. O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Le Yucheng, transmitiu a Branstad a “firme oposição” de seu país e pediu ao governo dos Estados Unidos para “corrigir seu erro, não aplicar a lei, para não prejudicar ainda mais as relações e a cooperação sino-americana”.

A China acusa a lei americana de “apoiar descaradamente os atos cometidos contra cidadãos inocentes que foram agredidos, feridos e queimados (…) por delinquentes violentos”. No mês de novembro houve uma escalada de violência com duas mortes confirmadas e vários ataques a faca e uso de munição real contra manifestantes.

A resolução, aprovada na semana passada pelo Congresso e com o apoio de democratas e republicanos, assinada na quarta-feira 27 por Trump, “oculta intenções sinistras”, segundo Pequim. O comunicado divulgado pelas autoridades chinesas não cita quais medidas de retaliação seriam tomadas contra os Estados Unidos.

Em Hong Kong, o funcionalismo que opera às ordens de Pequim chamou a legislação de “repugnante” dizendo que ela “interfere claramente em assuntos internos e envia uma mensagem equivocada aos manifestantes” podendo provocar “distúrbios e caos” no território.

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A lei ameaça suspender o estatuto econômico especial concedido por Washington à ex-colônia britânica, que permite ao território ficar isento de sanções econômicas aplicadas à China continental, caso não sejam respeitados os direitos dos manifestantes.

Trump estava receoso em aprovar a lei, mas a ampla maioria que ela recebeu pelo Congresso, tanto entre democratas e republicanos, deixou o presidente sem margem para manobra. Ao se explicar, Trump disse que assinou “esta resolução por respeito ao presidente Xi (Jinping), à China e ao povo de Hong Kong”. “Foi promulgada com a esperança de que os líderes e representantes da China e de Hong Kong saibam solucionar, de forma amistosa, suas divergências”, completou.

O Congresso também aprovou uma legislação que proíbe a venda de gás lacrimogêneo, balas de borracha e outros equipamentos usados pelas forças de segurança de Hong Kong para reprimir os protestos.

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As manifestações se iniciaram em junho deste ano contra uma proposta de lei de extradição que, supostamente, possibilitaria à China continental perseguir dissidentes políticos. Apesar do parlamento de Hong Kong ter enterrado a proposta em outubro, a indignação nas ruas persiste.

Manifestantes contrários à influência chinesa continuam saindo às ruas para pedir a renúncia da chefe do Executivo, Carrie Lam, que é vista como uma marionete de Pequim. Também pedem maior autonomia na escolha de líderes regionais e anistia para os ativistas condenados por violência durante os protestos dos últimos meses.

A força dos protestos era questionada pela China continental. Nas eleições distritais que ocorreram no último domingo 24, Pequim apostava em uma “maioria silenciosa” que votaria em massa nos candidatos pró-China. O tiro saiu pela culatra. Em votação com participação recorde da população, os partidos que defendem maior autonomia do território ficaram com 388 dos 452 cargos disputados.

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A eleição dos conselheiros distritais obedece a um sistema de votação que, em Hong Kong, é o mais próximo da representação direta. A votação não é apenas simbólica, já que seis cadeiras do Conselho Legislativo (LegCo, o parlamento de Hong Kong), que será renovado no próximo ano, serão disputadas por candidatos dos conselhos distritais. E esses conselhos também enviarão 117 de seus membros para o colégio eleitoral de 1.200 pessoas, controlado por Pequim, responsável pela nomeação do chefe do Executivo.

(Com AFP)

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