China acusa espiões dos EUA de estarem por trás de ataques cibernéticos
Três agentes americanos são suspeitos de invadir infraestruturas críticas de informação ligadas a evento esportivo realizado em fevereiro

A polícia da cidade de Harbin, no nordeste da China, acusou nesta terça-feira, 15, três agentes da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos de estarem por trás de uma série de ataques cibernéticos durante os Jogos Asiáticos de Inverno, realizados em fevereiro.
Segundo um comunicado divulgado pelas autoridades locais na plataforma Weibo, uma espécie de Twitter chinês, os agentes identificados como Katheryn A. Wilson, Robert J. Snelling e Stephen W. Johnson estariam ligados ao Escritório de Operações de Acesso Personalizado da NSA, uma unidade especializada em guerra cibernética. Eles são acusados de invadir infraestruturas críticas de informação ligadas ao evento.
De acordo com o órgão chinês de monitoramento de vírus digitais, mais de 270 mil tentativas de ataques cibernéticos foram registradas entre 26 de janeiro e 14 de fevereiro — período que engloba a realização dos jogos em Harbin. Os ataques tiveram como alvo as informações sobre o evento, os sistemas de gerenciamento de entrada-saída e pagamentos com cartão.
Além dos agentes da NSA, a polícia chinesa também acusou a Universidade da Califórnia e o Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia, conhecido como Virginia Tech, de estarem envolvidos nos ataques após a realização de investigações, de acordo com um relatório da agência de notícias estatal Xinhua.
‘Comportamento malicioso’
O Ministério das Relações Exteriores da China condenou o que chamou de “comportamento cibernético malicioso” e afirmou ter expressado “suas preocupações aos EUA de várias maneiras”.
“Instamos os EUA a impedirem os indifamações e ataques injustificáveis contra a China”, disse o porta-voz do ministério, Lin Jian, acrescentando que Pequim tomaria “medidas necessárias” para proteger a segurança cibernética do país.
A polícia de Harbin anunciou que recompensaria qualquer pessoa que fornecesse informações que auxiliem na prisão dos suspeitos, mas não especificou valores.
As acusações ocorrem enquanto as duas maiores economias do mundo se aprofundam em uma guerra comercial. Na semana passada, Pequim subiu para 145% as tarifas sobre produtos americanos, enquanto os Estados Unidos anunciaram taxas sobre importações chinesas que, somadas, também chegam a 145%.
O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou na sexta-feira que o país “jamais” se curvará à pressão dos EUA, e o presidente Xi Jinping reiterou que “não há vencedores” em uma guerra comercial e que o protecionismo “não leva a lugar nenhum”.