Chefe do Exército de Israel renuncia por ‘falha’ em ataques do Hamas em outubro de 2023
Ataques do grupo palestino deixaram mais de 1.200 mortos e desencadearam guerra em larga escala que matou quase 50.000 palestinos

O chefe das Forças de Defesa de Israel, Herzi Halevi, anunciou nesta terça-feira, 21, que irá renunciar em 6 de março, assumindo responsabilidade por falhas de segurança em 7 de outubro de 2023, quando militantes do grupo palestino Hamas atacaram território israelense e deixaram mais de 1.200 mortos, desencadeando uma guerra em larga escala que deixou quase 50.000 palestinos mortos e reduziu partes de Gaza a escombros.
O anúncio se dá pouco depois do início da primeira fase do acordo de cessar-fogo. No domingo 19, as primeiras três reféns do grupo palestino foram libertadas, em troca de 90 palestinos detidos por Tel Aviv, e ao que tudo indica, a trégua seguirá em vigor.
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Em carta enviada ao ministro da Defesa de Israel, Halevi disse que algumas investigações ainda são pendentes. Em junho do ano passado, o Exército publicou as conclusões da primeira investigação sobre falhas de segurança e reconheceu que não protegeu cidadãos de uma das comunidades atingidas. Mais de 100 pessoas foram mortas no ataque a Be’eri, uma comunidade de cerca de mil pessoas, e 32 foram feitas reféns.
Segundo o documento, militares não estavam prontos para um cenário de invasão do Hamas e não havia forças adequadas ou qualquer imagem clara dos acontecimentos até horas após o início dos ataques. A análise militar, no entanto, não encontrou falhas no disparo de tanques contra uma casa onde militantes mantinham cerca de 15 pessoas como reféns, um incidente que atraiu críticas em Israel por ter colocado civis em perigo.
Aumento da violência na Cisjordânia
Com o cessar-fogo em Gaza, as Forças de Defesa de Israel lançaram nesta terça-feira, 21, uma grande operação militar na volátil cidade de Jenin, na Cisjordânia, um território palestino parcialmente ocupado por militares israelenses e colonos judeus. Segundo autoridades locais, a ação matou pelo menos um palestino.
O giro para Jenin, onde o exército israelense realizou vários ataques e incursões em grande escala nos últimos anos, ressalta a ameaça de mais violência na Cisjordânia enquanto vigora a trégua no outro território palestino.
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Na noite de segunda-feira 20, bandos de colonos israelenses atacaram palestinos, destruindo carros e queimando suas propriedades, no momento em que o recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que suspenderia com uma ordem executiva as sanções do governo anterior contra colonos violentos. Ao menos 21 pessoas ficaram feridas.
O ataque perto da vila de al-Funduq, em uma área onde três israelenses foram mortos em um tiroteio no início deste mês, foi o mais recente de uma longa sequência de incidentes que se intensificaram desde o início da guerra em Gaza.
O exército de Israel disse que abriu uma investigação sobre o incidente, que, segundo os militares, envolveu dezenas de civis israelenses, alguns com máscaras.
A Autoridade Palestina declarou nesta terça-feira que o levantamento das sanções americanas contra colonos na Cisjordânia ocupada “os encoraja a cometer mais crimes contra nosso povo”.