Chanceler da Itália diz que Bolsonaro não pediu cidadania para o país
Deputados dos EUA pedem expulsão do ex-presidente brasileiro, que está na Flórida; dois filhos de Bolsonaro iniciaram processo para obter cidadania italiana
Antonio Tajani, ministro das Relações Exteriores da Itália, disse nesta terça-feira, 10, que o ex-presidente Jair Bolsonaro não fez solicitação para obter cidadania italiana. Em entrevista a uma rádio italiana, o chanceler também avaliou que é pouco provável que Bolsonaro consiga o documento.
“[Bolsonaro] Não pediu [a cidadania], e não acredito que ele possa tê-la, no que me diz respeito”, disse Tajani na entrevista.
Anteriormente, a ala esquerda do Parlamento da Itália já havia questionado o chanceler a respeito do que ele faria diante de uma possível solicitação do ex-presidente brasileiro, mas Tajani ainda não tinha se posicionado sobre o assunto.
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Em novembro, logo após o segundo turno das eleições e da vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os filhos zero um e zero três de Bolsonaro, Flávio e Eduardo, solicitaram a abertura do processo para obtenção da cidadania à embaixada italiana em Brasília. Eles, contudo, negaram qualquer intenção de deixar o Brasil.
Depois, o ex-presidente deixou o país dias antes da posse de Lula, no dia 1º de janeiro, com destino à Flórida, nos Estados Unidos. Agora, sua estadia nos States está sendo questionada, devido à invasão de milhares de bolsonaristas às sedes dos Três Poderes em Brasília, que depredaram os prédios do Congresso, Supremo Tribunal Federal e o Palácio da Alvorada.
Deputados do Partido Democrata americano solicitaram publicamente a expulsão de Bolsonaro do país. À VEJA, a deputada da Flórida Anna Eskamani disse que o estado “não é paraíso para ditadores como Bolsonaro”.
“Precisamos proteger a democracia, e é por isso que acho absurdo que Jair Bolsonaro tenha permissão para se esconder na Flórida nesse momento”, declarou.
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Segundo o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, o visto de chefe de Estado que permite a permanência de Bolsonaro nos Estados Unidos perde a validade no final deste mês, dado que ele não ocupa cargo oficial no governo brasileiro.
“Se não tem motivo para estar nos Estados Unidos, qualquer indivíduo está sujeito a ser retirado pelo Departamento de Segurança Interna”, afirmou. No entanto, ele fez a ressalva de que não poderia falar especificamente do caso de Bolsonaro, pois a situação dos vistos de indivíduos é confidencial.
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Na segunda-feira 9, o assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, afirmou que a Casa Branca não recebeu nenhuma solicitação formal do governo Lula sobre a extradição ou o status de Bolsonaro no país. Especialistas apontam que, para que ele fosse extraditado, seria preciso primeiro um pedido oficial do Judiciário do Brasil ao governo americano, a quem caberia aceitá-lo ou não.
Outra possibilidade para uma eventual expulsão de Bolsonaro seria a deportação, mecanismo mais rápido que dependeria exclusivamente da vontade de Washington.