Chanceler argentina minimiza crise diplomática com Espanha: ‘Piada’
Madri retirou embaixadora da Argentina depois que Milei afirmou que primeira-dama espanhola era 'corrupta'
Algumas horas depois da Espanha ter anunciado a retirada de sua embaixadora em Buenos Aires, María Jesús Alonso Jiménez, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Dina Mondino, afirmou nesta terça-feira, 21, que a fala de Javier Milei sobre a esposa de Pedro Sánchez ser “corrupta” era apenas uma “piada”. De acordo com ela, a afirmativa do presidente argentino durante um encontro da extrema-direita em Madri não deve afetar as relações bilaterais entre os países.
“Não há necessidade de dizer o que a Espanha representa para a Argentina. É uma questão estritamente interna, política”, comentou a chanceler. “Não deve ser algo que afete nos próximos 20 ou 30 anos”, acrescentou.
Mondino pareceu surpreendida com a crise diplomática e com sua escalada após as declarações de Milei. Segundo o chanceler espanhol, José Manuel Albares, a Embaixada da Espanha agora vai continuar “no nível de encarregado de negócios” e exigiu um pedido público de desculpas do presidente. No entanto, o chefe de estado da Argentina respondeu que a decisão de Sánchez era “absurda” e confirmou que não pretende retirar o embaixador de Madri.
“A Espanha está cometendo um erro internacional por causa de um homem delirante que acredita ser dono do Estado”, comentou Milei em declarações ao programa de televisão LN+, acrescentando que a mulher do presidente espanhol, Begoña Gómez, precisa contratar “um bom advogado.”
O ultradireitista também ironizou a situação na plataforma X, antigo Twitter. Na publicação, ele afirmou sobre o retorno a Buenos Aires: “Voltou o leão, surfando em uma onda de lágrimas de socialistas”.
Crise diplomática
O argentino se referiu a mulher de Sánchez como “corrupta” durante a convenção “Europa Viva 24”, um evento de líderes da extrema direita organizado pelo partido espanhol Vox, em Madri, neste final de semana. Durante a estadia na capital espanhola, o chefe da Casa Rosada ignorou a possibilidade de encontros com autoridades do governo da Espanha para se encontrar com seus colegas de direita.
Apesar de não ter citado o nome de Bergoña diretamente, sua fala fez alusão à ameaça de renúncia de Sánchez quando sua esposa tornou-se alvo de uma investigação sobre tráfico de influências.
“Ele é tão fatalmente arrogante que num problema pessoal, numa frase que não continha nomes, se sentiu abordado, e o problema é com o senhor Pedro Sánchez, sentindo-se referido numa frase que não continha nomes, a partir daí ele faz uma escalada diplomática”, disse Milei.