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Centenas de vítimas de exploração e tráfico são resgatadas em Portugal

Até o momento, foram identificados 243 imigrantes ilegais, de maioria asiática, que viviam em armazéns precários ao redor do país

Por Paula Freitas 21 jun 2023, 18h19

Centenas de vítimas de tráfico de pessoas e abuso trabalhista foram resgatadas nesta quarta-feira, 21, após uma operação de nível nacional da polícia de Portugal. Até o momento, foram identificados 243 imigrantes ilegais, de maioria asiática, que viviam em armazéns precários ao redor do país.

Liderada pela Polícia Marítima, a investigação tem como foco o combate redes de tráfico humano no país. Como resultado, as forças de segurança portuguesas prenderam ao menos quatro pessoas envolvidas no esquema, que podem responder também pelos crimes de auxílio à imigração ilegal e exploração.

Assim que aceitavam propostas de emprego, as vítimas tinham seus documentos confiscados, não recebiam salário e eram submetidas a moradias lotadas por outros residentes que também estavam sendo explorados em jornadas no comércio ilegal de mariscos.

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O portal de notícias CNN Portugal teve acesso às imagens de um dos armazéns da cidade de Montijo, próxima de Lisboa, capital do país. Colchões no chão, comidas em sacolas plásticas e sujeira intensa expõem as condições de vida as quais os estrangeiros eram submetidos.

Outras regiões, como Setúbal e Alcochete, também foram alvos da operação, com mais de 300 agentes envolvidos. Inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), da Autoridade Tributária e da Polícia de Segurança Pública (PSP) participaram da ação, que também contou com a colaboração do Serviço de Informação e Segurança (SIS).

Voltadas para o acolhimento das vítimas, equipes do Instituto da Segurança Social realocaram os imigrantes em instalações provisórias dos corpos de bombeiros. Homens e mulheres foram socorridos e, apesar dos policiais terem encontrado brinquedos, crianças não estavam nos locais investigados ao longo do dia.

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“São pessoas que vivem numa enorme pobreza, muitas em países onde há conflitos e perseguições, e são aliciadas pelos traficantes só pelo facto de poder sair dali, trabalhar e mandar dinheiro para famílias”, disse Pedro Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal, à CNN. “Pagam fortunas para fazer a viagem e vêm ao engano, a achar que vão ter melhores condições, e acabam por ficar cativas dos empregadores, sem os seus documentos”.

Em maio deste ano, a Câmara de Alcochete aprovou, por unanimidade, uma moção que demandava uma maior  fiscalização no rio Tejo, principal zona de trabalho dos imigrantes cativos, para combater a coleta ilegal de amêijoa, principal molusco comercializado pelas redes criminosas, conhecido no Brasil pelo nome italiano “vongole”. Acredita-se que os criminosos embolsavam, anualmente, cerca de 7,7 milhões de euros por cerca de 5.600 toneladas de amêijoa.

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A situação identificada na operação desta quarta-feira, no entanto, não é isolada. Autoridades acreditam que o setor agrícola é responsável pelo maior número de trabalhos análogos à escravidão, com denúncias frequentes de imigrantes presos sem pagamento nas fazendas de Alentejo. Ainda no ano passado, o Conselho da Europa informou que autoridades portuguesas localizaram 1.152 vítimas de tráfico no período entre 2016 e 2020.

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