Catar negocia liberação de 15 reféns do Hamas em troca de pausa no combate
Período sem bombardeios israelenses no enclave palestino pode se estender por 'um ou dois dias' e está sendo estudado pelas duas partes, diz AFP

O Catar está mediando negociações entre Israel e o Hamas para a potencial libertação de 10 a 15 reféns detidos em Gaza, em troca de um breve cessar-fogo com duração de um ou dois dias. A informação foi revelada por uma fonte de Doha envolvida no acordo nesta quarta-feira, 8, que mantém comunicação aberta com ambos os lados desde o início do conflito.
“Estão em curso negociações mediadas pelo Catar, em coordenação com os Estados Unidos, para garantir a libertação de 10 a 15 reféns em troca de um cessar-fogo de um a dois dias”, disse a fonte à agência de notícias AFP.
O comunicado chega poucos dias depois do governo do Catar afirmar que as negociações para a libertação dos reféns estavam progredindo e poderiam ser esperados avanços “em breve”. Na ocasião, no dia 25 de outubro, Majed Al Ansari, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, alertou que a invasão por terra de soldados israelenses à Faixa de Gaza poderia dificultar o andamento das negociações e “tornaria muito mais difícil” a vida dos civis e pessoas sequestradas no enclave palestino.
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O Hamas capturou cerca de 240 pessoas, entre soldados e civis, muitos deles com dupla cidadania ou estrangeiros, durante o seu ataque brutal a comunidades do sul de Israel no dia 7 de outubro. O Hamas matou cerca de 1.400 pessoas no país.
Em resposta, Israel impôs um cerco total a Gaza e iniciou uma campanha de bombardeios que matou mais de 10.500 pessoas, a maioria mulheres e crianças, em um mês, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou qualquer cessar-fogo ou pausa nas batalhas sem que o Hamas primeiro libertasse todos os prisioneiros.
“Não haverá cessar-fogo em Gaza sem a libertação dos nossos reféns”, declarou Netanyahu. “No que diz respeito a pequenas pausas táticas, uma hora aqui, uma hora ali. Já as tivemos antes, verificaremos as circunstâncias para permitir a entrada de bens humanitários, ou a saída dos reféns individuais. Mas não creio que haverá um cessar-fogo geral.”
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Até o momento, o Hamas libertou duas reféns americano-israelenses, Judith Raanan e sua filha Natalie, em 20 de outubro, e duas israelenses idosas, Yocheved Lifshitz e Nurit Cooper, em 24 de outubro. Os familiares dos demais reféns temem que os intensos bombardeios de Israel possam prejudicar as negociações.
No último domingo, 5, o Hamas afirmou que 60 dos 240 cativos haviam sido mortos por bombardeios israelenses. Críticos do governo de Netanyahu afirmam que não está claro como Tel Aviv pode eliminar a vasta rede de túneis subterrâneos do Hamas, um objetivo declarado dos militares, sem matar os reféns, que acredita-se estarem detidos pelos terroristas no subsolo.