Cardeal renuncia a cargo no Vaticano após escândalo imobiliário
Angelo Becciu é acusado de desviar dinheiro da Santa Fé para beneficiar familiares
Devido a um escândalo imobiliário, o papa Francisco pediu que um dos cardeais mais influentes do Vaticano, o italiano Angelo Becciu, renunciasse ao cargo na quinta-feira, 24. Horas depois de ter aceitado a demissão, Becciu se declarou inocente de qualquer acusação.
O nome do cardeal foi citado em diversas ocasiões dentro de uma investigação, lançada há um ano, sobre acordos financeiros para a compra de um imóvel em um bairro de alto padrão em Londres, Reino Unido, no valor de 160 milhões de euros. O processo de compra começou em 2014 quando Becciu ainda ocupava a Secretaria de Estado, administração central da Santa Sé.
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Clique e AssineA conta bancária usada para a compra, segundo a investigação, era gerida pela secretaria sob o controle de Becciu, que desviou parte do dinheiro para aplicar em fundos financeiros controlados por familiares. Ao todo, cinco funcionários da secretaria estão na mira da justiça. Um empresário italiano foi detido em junho sob suspeita de extorsão contra a Santa Sé em meio à compra do edifício.
“É um golpe para mim, para a minha família e para o meu país. Por meu voto de obediência, pelo amor à Igreja e ao papa, aceitei o seu pedido de abandonar as minhas funções”, disse o cardeal, citado nesta sexta-feira pelo jornal Il Messaggero. “Sou inocente e vou provar isso. Peço ao Santo Padre que me deixe me defender”, acrescentou. Segundo o jornal, o papa disse ao cardeal que o apreciava, mas que não via outra maneira senão exonera-lo.
Segundo a revista italiana L’Espresso, o cardeal teria destinado em diversas oportunidades milhares de euros do episcopado italiano e da Santa Sé a uma cooperativa na Sardenha, gerida por seu irmão. A investigação também afirma que Becciu favoreceu as atividades de outros dois irmãos.
O curto comunicado divulgado pelo Vaticano diz que Becciu continua com o título de cardeal, mas perde todos os direitos vinculados à função, principalmente a possibilidade de eleger um novo papa durante um conclave ou assessorar o atual pontífice.