Brasileira vai à Justiça para príncipe Albert de Mônaco reconhecer filha
Esse seria o terceiro rebento do playboy de 62 anos fora do casamento
Playboy convicto, capaz de adiar a obrigatória subida ao altar até completar 53 anos, o príncipe Albert de Mônaco, agora com 62, visitou várias vezes o Brasil, algumas oficialmente, outras, pelo jeito, só para se divertir. Teria sido durante um pulinho anônimo no Rio de Janeiro, em setembro de 2004, que, em uma boate, o príncipe conheceu Mariza S. (o nome inteiro ou verdadeiro não pode ser divulgado), 20 anos, e rapidamente a carregou para uma viagem por vários países da Europa — ele quase sempre a trabalho, ela curtindo a vida de luxo. O resultado desse périplo de mais ou menos quinze dias, diz Mariza, foi uma filha, nascida em 4 de julho de 2005. Radicada na Itália, ela entrou com um processo de reconhecimento da paternidade da menina — um juiz de Nápoles vai decidir, na terça-feira 23, se ordena ou não que Albert ceda seu DNA para teste. “Depois da viagem, eles nunca mais se encontraram. Quando soube da gravidez, ele disse estar feliz, mas escafedeu-se após o nascimento da menina”, contou a VEJA o advogado de Mariza, Erich Grimaldi. Na mesma época em que o caso veio à tona, a mulher do príncipe, Charlene, 43, apareceu com uma parte da cabeça raspada, alimentando boatos de que o visual meio punk seria devido ao stress da possível existência de mais um filho do marido fora do casamento — ele tem dois reconhecidos.
A narrativa de Mariza contém detalhes novelescos, relatados no processo. A improvisada turnê internacional incluiu Lisboa, Milão. Monte Carlo e Moscou, onde ela teve a chance de ser apresentada a Vladimir Putin em pessoa, de quem recebeu “um abraço caloroso”. Neste ponto do enredo, a brasileira afirma que não sabia que o príncipe encantado era príncipe — ele se apresentou como advogado e diplomata canadense. Foi no endereço de e-mail fornecido em nome desse personagem que ela trocou mensagens por algum tempo e, inclusive, deu a notícia da gravidez — ponto em que a comunicação se interrompeu. Mariza alega que só viria a saber que ele era Albert anos mais tarde, ao ver sua foto em uma revista. A filha cresceu e, relata a mãe, pediu muito para saber quem era o pai e, depois, para conhecê-lo. Teria até mandado uma cartinha para o palácio em Mônaco, sem resposta.
Foi em buscas na internet por Grimaldi, o nome da família real monegasca, que ela topou com o advogado italiano — que não tem nenhum parentesco com os Grimaldi de Mônaco. Ele já declarou que tentou abrir o processo nos domínios de Albert, mas nenhum colega aceitou a causa. Mariza se mudou para a Itália em 2019. “Ela se casou aqui e teve um filho”, informa o advogado. No ano passado, a menina de 15 anos deixou a avó, com quem morava no Brasil, e foi viver com a mãe. “Ela quer muito conhecer o pai, embora tema perder a personalidade ao ter a identidade reduzida à condição de filha do príncipe”, reflete Erich Grimaldi. O advogado de Albert, Thierry Lacoste, é taxativo: “São fatos falsos e alegações infundadas”.
A família real de Mônaco era das mais sisudas na Europa até o príncipe Rainier se casar com a atriz americana Grace Kelly e fincar raízes no reino das celebridades. Os três filhos do casal — além de Albert, as princesas Caroline e Stéphanie — tiveram sua cota de escândalos e tragédias. Grace morreu em um acidente de carro. Caroline também perdeu o segundo marido (teve três) na explosão de uma lancha, Stéphanie teve filhos com um guarda-costas e com um artista circense, que ela acompanhou por um tempo estrada afora. Hoje, estão todos mais ajuizados.
Albert assumiu o trono após a morte do pai, em 2005 — poucos meses antes do nascimento da suposta filha brasileira. Nos dois anos seguintes, reconheceu dois filhos naturais: Alexandre Grimaldi-Coste, hoje com 17 anos, com uma aeromoça da Air France nascida em Togo com quem manteve um romance semipúblico (para desgosto do pai), e Jazmin Grace, 28 anos, com uma garçonete americana — ela é cantora e atriz e deve atuar na próxima temporada da série The Marvelous Mrs. Maisel. Os dois se frequentam e já estiveram em eventos no principado. Embora esteja fora da linha sucessória, garantiram uma boa fatia da fortuna de Albert, calculada em 1 bilhão de dólares.
Charlene, ex-nadadora olímpica nascida em Zimbábue e criada na África do Sul, conhece Albert desde 2000 e já estava com ele quando Alexandre e Jazmin foram reconhecidos. O anúncio oficial do namoro foi em 2006 e o casamento, cinco anos depois — a noiva teria tentado fugir na véspera e passou toda a cerimônia chorando copiosamente. A notícia da filha brasileira, com datas que coincidem com a época em que os dois já estavam juntos, teria provocado uma crise na instável princesa, mãe dos gêmeos Jacques e Gabriella, de 6 anos. Charlene nega tudo. Em entrevista recente, afirmou que permanece “1 000%” ao lado de Albert, “aconteça o que acontecer”. E o cabelo? “Sempre quis cortar assim.”
Publicado em VEJA de 24 de fevereiro de 2021, edição nº 2726