Brasil deixa navios de guerra do Irã atracarem no Rio e irrita EUA
Embarcações megaequipadas fazem parte da frota de guerra do Irã desde 2021; diplomacia com governo iraniano foi destaque nos prévios governos Lula
No início de fevereiro, às vésperas de uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao líder dos Estados Unidos, Joe Biden, em Washington, o brasileiro cedeu à pressão dos americanos e recusou um pedido do Irã para que dois de seus navios de guerra atracassem no Rio de Janeiro. Um mês depois, e também passada a viagem a Washington, Lula voltou atrás e deu permissão aos navios iranianos. As embarcações estão estacionadas no Rio desde domingo 26.
A autoridade portuária do Rio de Janeiro disse, em comunicado divulgado na segunda-feira 27, que os navios de guerra IRIS Makran e IRIS Dena chegaram na manhã de domingo. O vice-almirante Carlos Eduardo Horta Arentz, subchefe do Estado-Maior da Marinha do Brasil, autorizou a atracação dos navios no Rio entre 26 de fevereiro e 4 de março, segundo nota de 23 de fevereiro no Diário Oficial.
A Marinha do Brasil pode autorizar uma embarcação estrangeira a atracar no país somente após autorização do Itamaraty, que leva em consideração o pedido e a logística da embaixada solicitante.
A presença dos navios de guerra iranianos na costa brasileira continua a incomodar os Estados Unidos, que buscam estreitar os laços com o novo governo Lula.
Em uma coletiva de imprensa em 15 de fevereiro, a embaixadora dos Estados Unidos, Elizabeth Bagley, pediu ao Brasil que não permitisse que os navios atracassem.
“No passado, esses navios facilitavam o comércio ilegal e atividades terroristas, e também foram sancionados pelos Estados Unidos. O Brasil é uma nação soberana, mas acreditamos firmemente que esses navios não devem atracar em lugar nenhum”, disse.
A diplomacia com o Irã foi um dos destaques dos governos Lula nos anos 2000, na tentativa de fortalecer a posição internacional do Brasil durante seus dois primeiros mandatos presidenciais. Ele viajou para Teerã para se encontrar com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2010, em busca de intermediar um acordo nuclear entre o Irã e os Estados Unidos.