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Brasil apoia pela primeira vez na ONU embargo dos EUA a Cuba

Assembleia-Geral aprova anualmente resolução que pede o fim da medida; Israel também votou com os americanos

Por Da Redação
Atualizado em 7 nov 2019, 16h15 - Publicado em 7 nov 2019, 14h54

O Brasil votou pela primeira vez na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira, 7, a favor do embargo econômico, comercial e financeiro a Cuba, promovido pelos Estados Unidos desde 1962.

A Assembleia-Geral aprova anualmente, há 28 anos, uma resolução que condena e pede o fim do embargo. A medida foi adotada mais uma vez nesta terça, com 187 votos favoráveis e esmagadora maioria.

A votação da ONU tem peso político, mas somente o Congresso dos Estados Unidos pode revogar o embargo, que já dura mais de 50 anos.

Pela primeira vez, o governo brasileiro apresentou apoio aos Estados Unidos nesta votação. Israel também votou com os americanos, enquanto Colômbia e Ucrânia optaram pela abstenção. A Moldávia escolheu não exercer o direito a voto sobre a resolução.

O voto do governo de Jair Bolsonaro contraria o posicionamento histórico da diplomacia brasileira de condenar medidas unilaterais econômicas contra países, vetadas pela ONU. 

A mudança de posição do Brasil está de acordo com o alinhamento de Bolsonaro com a política promovida pelos Estados Unidos.

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Antes mesmo de tomar posse como presidente, Bolsonaro insinuou que pretendia retirar o Brasil do Acordo de Paris para o clima e transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém – as duas medidas foram adotadas pelo governo de Donald Trump. O presidente voltou atrás após assumir o cargo e receber muitas críticas por seus comentários.

Ainda assim, durante a visita de Bolsonaro a Jerusalém em abril, o governo brasileiro anunciou a abertura de um escritório voltado para as áreas de comércio, ciência e tecnologia e inovação na cidade santa. 

A Guatemala, único país a acompanhar os Estados Unidos e transferir sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, votou contra o embargo. 

A abstenção da Colômbia resulta de um esfriamento de suas relações com Cuba.

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Cuba chegou a sediar conversas de paz entre a Colômbia e seu grupo rebelde Exército de Libertação Nacional (ELN), mas a recusa de Havana de extraditar três comandantes guerrilheiros depois que as negociações fracassaram provocaram diversas críticas do governo do presidente Iván Duque.

A fabricante brasileira de cigarros Souza Cruz, pertencente à British American Tobacco, tem uma joint-venture em Havana que produz a maioria dos cigarros em Cuba.

O embargo americano

Os Estados Unidos vêm votando contra as resoluções da ONU de forma constante há 24 anos, mas se abstiveram pela primeira vez em 2016, no governo do ex-presidente Barack Obama, quando Washington e Havana forjaram um relacionamento mais estreito.

As relações se deterioraram agudamente no governo Trump, o que ressuscitou caracterizações de Cuba da Guerra Fria e provocou um endurecimento nas restrições ao comércio e às viagens que Obama havia afrouxado.

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“Os Estados Unidos não são responsáveis pelos abusos sem fim do regime cubano contra seu povo”, disse a embaixadora norte-americana na ONU, Kelly Craft, à Assembleia Geral antes da votação.

“Nossa primeira responsabilidade como líderes é defender aqueles sem voz, hoje em especial o povo de Cuba. Que sejamos cobertos de vergonha se nos recusarmos a levantar nossas vozes em defesa às deles”, disse Craft.

No ano passado, os Estados Unidos propuseram oito emendas na resolução que pressiona Cuba a melhorar seu histórico de direitos humanos, mas todas as propostas fracassaram.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, rejeitou as críticas dos Estados Unidos ao histórico de direitos humanos de seu país, acusando Washington de manipular “os direitos humanos para objetivos políticos, e rejeitamos dois pesos e duas medidas”.

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“O governo dos EUA não tem a menor autoridade moral para criticar Cuba ou qualquer outro país quando se trata de direitos humanos”, disse ele à Assembleia Geral da ONU, citando a crise de opiáceos, a violência das armas, a pobreza e o desemprego nos EUA.

(Com Reuters)

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