Biden exige que Rússia liberte jornalista americano acusado de espionagem
Evan Gershkovich foi detido na quinta-feira durante viagem a trabalho à cidade de Ecaterimburgo, nos Urais
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, exigiu nesta sexta-feira, 31, que a Rússia liberte o repórter Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, preso um dia antes pelo serviço de segurança russo por acusações de espionagem. O suposto crime pode levar a uma pena de prisão de até 20 anos.
“Deixem ele ir”, disse o democrata na Casa Branca quando perguntado a repórteres se tinha alguma mensagem à Rússia sobre o caso, a primeira vez que um jornalista americano é preso por autoridades russas desde a Guerra Fria.
Perguntado também nesta sexta-feira o governo expulsaria diplomatas ou jornalistas russos dos EUA, Biden disse que “não é o plano neste momento”.
A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, definiu o caso como “inaceitável” e condenou “nos mais fortes termos” a prisão.
O FSB, serviço de segurança da Rússia, disse que Evan Gershkovich, nascido em Nova York e filho de pais russos, “estava coletando informações protegidas sobre as atividades de uma das empresas do complexo industrial militar russo”. Ele era credenciado como jornalista pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Gershkovich foi detido durante uma viagem a trabalho à cidade de Ecaterimburgo, nos Urais. O jornal russo Kommersant disse que ele seria levado para Moscou, onde receberia as acusações oficialmente em um tribunal. O FSB afirmou que Gershkovich estava “agindo sob instruções” do governo dos Estados Unidos.
Antes de sua prisão, Gershkovich estava supostamente trabalhando em uma reportagem sobre o Grupo Wagner, a companhia militar privada dirigida pelo empresário Yevgeny Prigozhin, e apoiada pelo Estado russo, que realizou grande parte dos combates na Ucrânia.
Desde que o líder do Kremlin, Vladimir Putin, decidiu invadir a Ucrânia em fevereiro passado, fazer jornalismo de dentro da Rússia ficou muito mais difícil. O Ministério das Relações Exteriores colocou dezenas de jornalistas em listas negras e uma série de leis, incluindo uma que proíbe “fakes”, tornou difícil e perigoso fazer reportagens honesta sobre a guerra em território russo, e muitos jornalistas deixaram o país.