Biden cobra Putin sobre interferência eleitoral e repressão à oposição
Em 1º telefonema oficial, para tratar do acordo de desarmamento nuclear com a Rússia, americano mencionou envenenamento de Navalny e apoiou Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teve sua primeira conversa oficial com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira, 26. De acordo com a Casa Branca, o democrata pressionou seu contraparte a respeito de diversas preocupações, como o envenenamento do opositor Alexei Navalny, e expressou seu apoio à Ucrânia frente a “agressão” de Moscou.
Biden telefonou para Putin para discutir a possibilidade de estender por cinco anos o tratado de desarmamento nuclear “New START”, segundo comunicado da Casa Branca. Assinado em 2010, o acordo tem objetivo de limitar o aumento do arsenal de armas nucleares nos dois países, mas ele não foi renovado pelo governo de Donald Trump.
Em comunicado, o Kremlin divulgou que Putin apoiou a “normalização” das relações russo-americanas durante a ligação. Ele “destacou que uma normalização das relações entre a Rússia e os Estados Unidos responderia aos interesses dos dois países e também de toda a comunidade internacional, em vista da particular responsabilidade na manutenção da segurança e da estabilidade do mundo”, publicou.
Contudo, não foi tudo um mar de rosas. Na conversa, Biden também expressou o “forte compromisso” de Washington com a soberania ucraniana e sua preocupação com a suposta interferência russa nas eleições de 2020, devido a um ciberataque a agências governamentais descoberto em dezembro passado.
A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden planeja abordar o tratamento de “manifestantes pacíficos pelas forças de segurança russas” e também “deixar claro que os Estados Unidos agirão com firmeza na defesa de nossos interesses nacionais em resposta às ações malignas da Rússia”.
O telefonema ocorre em meio a uma sequência de protestos em apoio ao líder da oposição, Alexei Navalny, em todo o país. Crítico fervoroso a Putin, ele foi preso na Rússia no início de janeiro depois de voltar da Alemanha, onde estava em tratamento médico devido a um envenenamento com agente neurotóxico, cuja responsabilidade Navalny atribui ao Kremlin.
Autoridades russas negaram qualquer envolvimento. O opositor deverá comparecer ao tribunal no dia 2 de fevereiro por suposta violação dos termos de uma condenação antiga, de 2014.
Nesta terça-feira, a equipe de Navalny anunciou manifestações às 12h locais (6h no horário do Brasília) em frente à sede do serviço secreto do país. O local é frequentemente palco de protestos por estar associado ao terror stalinista.
No sábado passado, milhares de pessoas também protestaram contra a prisão do político e outro em toda a Rússia. Devido ao sucesso, o movimento de Navalny convocou novos protestos para 31 de janeiro. Contudo, segundo cálculos da ONG OVD-Info, na última manifestação cerca de 3.900 pessoas foram presas e 15 foram acusadas de crimes passíveis de penas pesadas.
(Com AFP)