Bernie Sanders: uma alegria passageira
As pesquisas sugerem que as ondas das próximas primárias, em estados mais conservadores, interromperão o surfe vitorioso do senador
Um socialista na Casa Branca? Calma. Mas foi com essa sensação que os fãs do senador Bernie Sanders comemoraram sua vitória nas primárias de New Hampshire, o segundo passo do longo processo de definição do candidato democrata para a eleição de 3 de novembro. Sanders, 78 anos, teve 25,9% dos votos. Pete Buttigieg, 38, ex-prefeito de South Bend, em Indiana, alcançou 24,4%. O mais velho e o mais novo entre os contendores também quase empataram na etapa inaugural da escolha, em Iowa, com ligeiríssima vantagem para o novato. New Hampshire fica colado em Vermont, o estado de Sanders, e com ele compartilha uma população de tendência libertária e apreço pelo alternativo, sob medida para votar no senador. Isso não embaça a façanha de Sanders, que despontou com força entre os pré-candidatos — ainda mais se comparado a Joe Biden, o preferido do establishment, que amargou um quinto lugar. No entanto, as pesquisas sugerem que as ondas das próximas primárias, em estados mais conservadores, interromperão o surfe vitorioso de Sanders. O Partido Democrata está rachado entre esquerda e centro, e cada um desses dois grupos está fracionado em diversos nomes. Somando-se todas as intenções de voto, porém, os centristas levam vantagem sobre os esquerdistas. E, na plataforma democrata deste ano, propostas e manifestos cederam espaço à questão crucial: quem tem cacife para derrotar Trump? Até onde se pode prever, Bernie, o bom velhinho, não tem. E quem tem? Talvez Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, que corre por fora e vem crescendo.
Publicado em VEJA de 19 de fevereiro de 2020, edição nº 2674