Belarus terá nova doutrina militar que prevê uso de armas nucleares
Aliada de Moscou, a ex-república soviética já é base para ogivas russas voltadas para a Ucrânia
O ministro da Defesa de Belarus, Viktor Khrenin, afirmou na noite de terça-feira 16 que o país vai apresentar uma nova doutrina militar que, pela primeira vez, prevê o uso de armas nucleares. Aliada de Moscou, a ex-república soviética já é base de lançamento para ogivas russas.
“Comunicamos claramente os pontos de vista de Belarus sobre a utilização de armas nucleares tácticas estacionadas no nosso território”, disse Khrenin numa reunião do conselho de segurança do país. “Apareceu um novo capítulo, onde definimos claramente as nossas obrigações para com os nossos aliados.”
A doutrina será apresentada à Assembleia Popular de Toda Belarus para aprovação. O órgão representativo funciona em paralelo com o parlamento.
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“Ameaça” da Otan
O secretário do conselho de segurança de Belarus, Alexander Volfovich, disse que a implantação de armas nucleares russas no país tem como objetivo dissuadir a agressão da Polônia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar ocidental a qual o presidente russo, Vladimir Putin, culpa por todos os males do mundo.
“Infelizmente, as declarações dos nossos vizinhos, em particular da Polônia, forçaram-nos a fortalecer” a doutrina militar, declarou.
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Guerra na Ucrânia
Belarus, aliada incontestável da Rússia, possuía armas nucleares tácticas e de longo alcance quando fazia parte da União Soviética. No entanto, após o colapso do bloco, transferiu-as para território russo.
No ano passado, o Kremlin enviou armas nucleares tácticas para Belarus, embora não haja detalhes sobre a quantidade, para que ficassem posicionadas para atingir a Ucrânia. Moscou disse que manterá o controle sobre essas ogivas, que se destinam ao uso no campo de batalha e têm alcance curto e rendimento mais baixo que bombas maiores.
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Não ficou claro como, ou se, a nova doutrina bielorrussa poderá ser aplicada às armas russas.
A Rússia utilizou o território de Belarus como trampolim para invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022, enviando soldados para a nação vizinha para uma incursão pelo norte. Lá, manteve as suas bases militares e armamentos, embora o exército bielorrusso em si não tenha participado do conflito.