Banco Central russo convoca reunião após pior queda do rublo em meses
Em consequência à guerra na Ucrânia, moeda tem enfrentado forte desvalorização, processo agravado nesta segunda-feira, quando passou a equivaler a US$ 100
O Banco Central da Rússia convocou para esta terça-feira, 15, uma reunião extraordinária para tratar sobre suas taxas de juros após o valor do rublo, moeda oficial do país, sofrer sua maior queda em 17 meses. Em consequência à guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado, o rublo tem enfrentado uma forte desvalorização, um processo agravado nesta segunda-feira, quando passou a equivaler a US$ 100 em casas de câmbio.
Com o declínio das exportações e as progressivas despesas militares, o rublo enfraqueceu 26% só neste ano, marca que rendeu-lhe a posição de terceira moeda global com pior desempenho em 2023. Apesar do prognóstico ruim, o banco russo alega que a queda no valor não afeta diretamente a economia do país e culpa, por sua vez, a demanda interna por importações como parte central do problema.
Em contramão às declarações otimistas, a instituição bancária anunciou a reunião de seu conselho administrativo para procurar caminhos de combate à desvalorização, que poderá perpassar pelo aumento da taxa de juros e pelos custos de empréstimos mais altos, como solicitado por altos funcionários do Kremlin, de acordo com jornal britânico The Guardian.
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“A taxa de câmbio atual se desviou significativamente dos níveis fundamentais, e sua normalização é esperada em um futuro próximo”, escreveu Maxim Oreshkin, consultor econômico de Vladimir Putin, presidente da Rússia, em um artigo para a agência de notícias Tass. “É do interesse da economia russa ter um rublo forte.”
Não é a primeira vez, contudo, que o rublo atinge patamares preocupantes. Duas semanas após o início da guerra, a moeda registrou sua mínima recorde, sendo comercializada a US$ 150. Os esforços do banco central, que incluíram o controle rígido de capitar para limitar a saída de dinheiro do país foram capazes de amortecer a queda.
Em junho do ano passado, o horizonte econômico russo parecia ser positivo, já que o aumento dos preços do petróleo e do gás russo incrementou as receitas de exportação, drasticamente reduzidas desde que os limites de preços e embargos ocidentais foram impostos. Apesar da retomada econômica, o rublo tornou a enfrentar quedas após levante liderado Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo Wagner, em junho. Como consequência à incerteza política, parte dos russos passaram a transferir dinheiro para contas no exterior.
No curto prazo, um rublo mais fraco auxiliaria no financiamento dos gastos com a guerra. A Rússia vende seu petróleo em moeda estrangeira e o câmbio atual comprará mais rublos em casa. Os benefícios, no entanto, se restringiriam ao campo militar, como admitiu um assessor sênior do Kremlin ao The Guardian. Ele previu “efeito negativo” sobre a “renda real da população”, mas disse que espera uma recuperação breve. Na última semana, o banco central russo manteve as compras de moeda estrangeira até 2024 “para reduzir a volatilidade” e interromper o declínio.