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Áustria fecha sete mesquitas e expulsará até sessenta clérigos islâmicos

Governo austríaco toma a decisão depois que imagens feitas por uma mesquita recriando batalha da Primeira Guerra foram interpretadas como "radicais"

Por Da Redação
Atualizado em 8 jun 2018, 18h31 - Publicado em 8 jun 2018, 12h51

O governo da Áustria anunciou nesta sexta-feira 8 que fechará sete mesquitas por divulgar ideias extremistas e doutrinar menores de idade, além de expulsar até sessenta imãs que recebem financiamento do exterior, supostamente da Turquia.

O chefe de governo austríaco explicou que a decisão foi tomada após uma investigação da autoridade de assuntos religiosos por causa de imagens divulgadas, no início do ano, de meninos vestidos de soldados recriando uma emblemática batalha otomana da I Guerra Mundial em uma mesquita apoiada pela Turquia.

“As sociedades paralelas, o Islã político e a radicalização não têm lugar no nosso país”, afirmou o chanceler austríaco Sebastian Kurz.

O ministro do Interior, Herbert Kickl, indicou que a expulsão pode afetar até sessenta imãs e suas famílias, cerca de 150 pessoas, todas ligadas à Turquia. Em alguns casos, o processo de expulsão dos imãs já começou, segundo o ministro. Ele é membro do partido de extrema direita FPÖ, que integra a coalizão formada em dezembro com os conservadores.

As fotos da reconstrução da batalha de Galípoli, interpretada por menores na mesquita, foram publicadas pelo semanário de centro-esquerda Falter e abalaram todo o espectro político austríaco.

A Turquia reagiu, chamando a decisão de “islamofóbica” e “racista” a ofensiva contra “o Islã político”.

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“O fechamento por parte da Áustria de sete mesquitas e a expulsão de imãs é o resultado da onda populista, islamofóbica, racista e discriminatória neste país”, tuitou Ibrahim Kalin, porta-voz do presidente Recep Tayyip Erdogan.

“As práticas de cobrança ideológica do governo austríaco violam os princípios jurídicos universais, as políticas de integração social, os direitos das minorias e a ética da coexistência. Os esforços para normalizar a islamofobia e o racismo devem ser rejeitados todas as circunstâncias”, completou em outro tuíte.

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Bandeira turca

Nas imagens, meninos vestidos de uniforme camuflado aparecem desfilando, saudando e agitando bandeiras turcas. Também aparecem deitados no chão, imitando as vítimas letais da batalha: seus “cadáveres” estavam alinhados e envoltos em bandeiras turcas.

“O que aconteceu (…) não tem seu lugar na Áustria. O governo aplicará tolerância zero”, disse o chanceler Kurz, prometendo uma reação “forte”.

A mesquita em questão era administrada pelas Associações Culturais Turco-Islâmicas (ATIB), com sede na cidade alemã de Colônia, e uma filial da agência turca de assuntos religiosos Diyanet.

A própria ATIB condenou as imagens na época, classificando o ato de “muito lamentável” e garantindo que “foi cancelado antes de terminar”. Em um comunicado, disse ter pedido a demissão do responsável antes que o caso chegasse à imprensa.

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A batalha dos Dardanelos começou em fevereiro de 1915 com a tentativa de uma frota franco-britânica de forçar a entrada por este estreito para conquistar Constantinopla (atual Istambul), então capital do Império Otomano. Não conseguiu, mas, em 25 de abril, os aliados desembarcaram em Galípoli, onde foram derrotados após vários meses de luta.

Apesar da vitória, o Império Otomano terminou a I Guerra Mundial no campo dos perdedores e foi desmantelado, com sua parte central tornando-se a Turquia moderna — a batalha de Galípoli se tornou símbolo da resistência otomana que levou à criação do país, em 1923.

Cerca de 360.000 pessoas de origem turca vivem na Áustria, 117.000 delas com nacionalidade turca. As relações entre Ancara e Viena têm sido particularmente tensas desde a repressão posterior à tentativa de golpe de Estado contra Recep Tayyip Erdoğan, em julho de 2016.

(Com AFP e EFE)

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