Ataque a hotel de luxo no Afeganistão deixa mais de 30 mortos
Invasão durou mais de 12 horas e foi reivindicada pelo grupo Talibã que tinha como alvo estrangeiros e autoridades afegãs
Mais de 30 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um ataque, sábado, ao Hotel Intercontinental de Cabul, no Afeganistão. Esse número pode ser ainda maior, informou uma fonte anônima à Reuters. Os cinco atiradores, que utilizavam uniformes do exército, também morreram.
Wahid Majroh, porta-voz do ministério da saúde pública, disse que 19 corpos foram trazidos para hospitais da cidade, sendo seis identificados como estrangeiros. A rede Al Jazeera afirma que o número total de estrangeiros mortos é de 14.
Mas segundo uma autoridade sênior de segurança afegã que falou com a agência Reuters sob condição de anonimato, o número de mortos ultrapassava 30 e poderia subir ainda mais. Entre os mortos estavam funcionários do hotel e hóspedes, bem como membros das forças de segurança que lutaram contra os atiradores.
O ataque, que começou no último sábado e só terminou depois de mais de 12 horas, foi o último de uma série que mostrou a vulnerabilidade da cidade e a capacidade dos militantes para montar operações destinadas a minar a confiança no governo apoiado pelo Ocidente.
Mais de 150 hóspedes conseguiram fugir, com partes do prédio pegando fogo, alguns deles utilizando cordas feitas com lençóis para descer dos andares superiores e outros foram resgatados pelas forças afegãs.
A companhia aérea local, Kam Air, disse que cerca de 40 de seus pilotos e tripulação, muitos dos quais são estrangeiros, estavam hospedados no hotel e pelo menos 10 foram mortos. Zamari Kamgar, o vice-diretor da companhia aérea, disse que ainda estava tentando localizar sua equipe. De acordo com a mídia local, entre os mortos estavam cidadãos da Venezuela e da Ucrânia.
O Talibã, que atacou o mesmo hotel em 2011, foi responsável pelo ataque, disse o seu porta-voz Zabihullah Mujahid em um comunicado. Mujahid ainda declarou que os insurgentes planejavam atacar o hotel na quinta-feira à noite, mas adiaram a ação, pois um casamento era celebrado no hotel e o grupo queria evitar mortes de civis.
Uma declaração do Ministério do Interior culpou a rede Haqqani, um grupo afiliado ao Talibã que é conhecido por seus ataques a alvos urbanos.
Abdul Rahman Naseri, um hóspede que estava no hotel para uma conferência, se encontrava no corredor quando viu quatro homens armados vestidos com uniformes do exército. “Eles estavam gritando em Pashto (uma das línguas oficiais do Afeganistão), ‘Não deixe nenhum deles vivo, bom ou ruim, atire e mate todos’, gritou um deles”, disse Naseri.
“Eu corri para meu quarto no segundo andar. Abri a janela e tentei sair utilizando uma árvore, mas o galho quebrou e eu caí no chão. Machuquei minhas costas e quebrei uma perna.”
Mesmo depois que as autoridades informaram o fim do ataque no domingo, disparos esporádicos e explosões podiam ser ouvidos no local.
(Com Reuters)