Às vésperas de eleições venezuelanas, Guaidó tenta se aproximar de Biden
'Qualquer presidente do mundo hoje gostaria de se aproximar de uma solução para a crise na Venezuela', disse líder da oposição venezuelana
Em reação ao início do período de transição na Presidência dos Estados Unidos, o líder da oposição venezuelana ao governo de Nicolás Maduro, Juan Guaidó, disse em uma entrevista publicada nesta terça-feira, 24, que espera manter o apoio americano construído durante o governo de Donald Trump.
“Qualquer presidente do mundo hoje gostaria de se aproximar de uma solução para a crise na Venezuela”, disse Guaidó.
“Queremos ter um apoio bi-partidário [de democratas e republicanos]. É um desafio para nós, não para o novo governo [americano]… mostrar um caminho para uma solução viável”, acrescentou em referência à importância do suporte não apenas da Casa Branca, mas também do Congresso.
A fala do opositor acontece pouco antes das eleições legislativas, marcadas para 6 de dezembro, quando a Assembleia Nacional, comandada por Guaidó e último reduto de poder da oposição, será renovada.
Antecipando uma eventual fraude eleitoral de Maduro, o deputado e seus aliados convocaram um boicote ao pleito, e continuaram a exercer seus cargos legislativos independentemente do resultado anunciado pelo governo. Guaidó afirma que organizará uma consulta popular presencial e online entre 5 e 12 de dezembro para saber a opinião dos venezuelanos sobre Maduro e as eleições legislativas, dentre outras questões.
O governo de Maduro é um tema altamente presente em Washington. Como descreve um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso, uma agência burocrática do Legislativo federal americano, os congressistas de ambos os partidos “têm apoiado sanções direcionadas contra autoridades de Maduro”.
Embora divergências circunstanciais apareçam — congressistas preocupados com os efeitos humanitários das sanções apelaram pela suspensão delas durante a pandemia do Coronavírus —, Maduro não conta com simpatizantes no Capitólio.
Quanto à Casa Branca, o governo Trump reconheceu Guaidó como presidente interino da Venezuela no mesmo dia de sua auto-proclamação, 23 de janeiro de 2019. Desde então, o republicano manteve sua postura a favor do deputado venezuelano, que chegou até mesmo a ser homenageado no Discurso do Estado da União de 2020; e instituiu uma série de sanções contra o governo e a indústria petrolífera da Venezuela.
Segundo a agência de notícias Reuters, conselheiros de Biden afirmam que o democrata não deverá mudar a postura da Casa Branca referente a Maduro.
O presidente-eleito, que tomará posse em 20 de janeiro, poderá, porém, sofrer pressões para aliviar as sanções devido à escassez de combustível no mercado americano, estima a Reuters.