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Argentinos convocam protesto contra visita de Bolsonaro

Grupo que organiza manifestação é formado por organizações de trabalhadores e de defesa dos direitos das mulheres e da comunidade LGBT

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2019, 15h24 - Publicado em 4 jun 2019, 11h31

Movimentos políticos, sociais e sindicais da Argentina convocaram um protesto contra a visita do presidente Jair Bolsonaro a Buenos Aires na próxima quinta-feira, 6.

A manifestação foi marcada para a Praça de Maio, na região central da capital argentina, onde fica a Casa Rosada, a sede do governo. Bolsonaro será recebido pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, no local.

O protesto começará com um tradicional ato das Mães da Praça de Maio, que durante a última ditadura militar no país começaram a organizar manifestações no local para exigir do regime notícias de seus filhos desaparecidos, muitos deles vítimas da repressão.

Um evento no Facebook, apelidado de Argentina Rechaza Bolsonaro (Argentina Rejeita Bolsonaro), já tem mais de 1.400 pessoas confirmadas e 5.100 interessadas.

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Evento contra a visita de Bolsonaro à Argentina
Página convoca manifestação contra a visita de Bolsonaro à Argentina (Reprodução/Facebook)

“A ascensão de Bolsonaro à Presidência e sua contínua apologia da tortura e da discriminação fazem com que no Brasil cresçam todos os indicadores de violência racista, de gênero, feminicídios, homofobia e transfobia”, explicaram os organizadores do movimento.

Entre os grupos que convocaram o protesto estão duas alas da Central de Trabalhadores da Argentina, a Federação Argentina LGBT a Mesa Nacional pela Igualdade e contra Discriminação e a plataforma Ni Una Menos, contra a violência às mulheres.

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Os manifestantes também prometem protestar “em defesa da soberania e da solidariedade latino-americana”, criticando especialmente as políticas econômicas de Bolsonaro e de Macri.

“O povo do Brasil sofre uma política de ajustes, privatizações e repressão que cresceu nos últimos meses. O governo brasileiro registrou no primeiro trimestre de 2019 um aumento do desemprego em catorze de seus 27 estados e um considerável aumento da pobreza”, escreveram os organizadores em um texto de convocação para o ato.

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“Ao escolher Macri como presidente, a Argentina foi ponta de lança na nova guinada à direita que se observa em toda a América Latina. Se neste ano (ele) perder as eleições, mostraremos resistência a esses governos de pobreza, repressão e morte”, acrescentaram os movimentos na convocação.

Em uma das postagens no grupo do Facebook, Bolsonaro e Macri são retratados em um desenho, sendo controlados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nas redes sociais, os organizadores também incentivam o uso das hashtags #ArgentinaRechazaBolsonaro e #ellosno (eles não) para aumentar a visibilidade do ato.

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A visita

Esta será a primeira visita de Bolsonaro ao país. O presidente do Brasil chega à Argentina na quarta-feira, 5.

O encontro com Macri deverá se concentrar nas questões bilaterais, como o comércio agora impactado pelas medidas de congelamento de preços na Argentina, no desafio do Mercosul de concluir a negociação de livre comércio com a União Europeia e na solução para a crise política da Venezuela.

Parte dessa agenda já havia sido tratada pelos dois líderes durante a visita de Macri a Brasília,, em 16 de janeiro. Naquela reunião, os líderes renovaram a aposta dos dois governos em um Mercosul fortalecido e aumentaram a pressão política sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

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Em entrevistas recentes, Bolsonaro tem criticado a ex-presidente Cristina Kirchner, principal adversária de Macri, e candidata à vice-Presidência do país em chapa com Alberto Fernández.

A Argentina é o principal parceiro econômico do Brasil no Mercosul e sempre foi o primeiro país visitado pelos presidentes brasileiros, mas Bolsonaro, no poder desde 1º de janeiro, quebrou essa tradição e visitou primeiro Estados Unidos, Chile e Israel, países que considera parceiros prioritários.

Brasil e Argentina oficializaram recentemente suas decisões de deixar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e assinaram em março, no Chile, o documento de criação do Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul (Prosul), inicialmente constituído por governos de direita. A intenção dos membros do Prosul é de ver esse fórum substituir a Unasul, considerada por eles como uma organização regional de esquerda.

A Unasul foi criada em 2008 como um projeto progressista impulsionado pelos então presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Cristina Kirchner, da Argentina.

Em março, Bolsonaro visitou o Chile e os Estados Unidos, onde também foi alvo de manifestações por parte de grupos feministas e de defesa dos direitos humanos.

(Com EFE)

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