Arábia Saudita prende oito ativistas dos direitos das mulheres
Os detidos têm ligações com as onze mulheres que enfrentam julgamento no país
O governo da Arábia Saudita prendeu nesta sexta-feira, 5, oito ativistas, incluindo dois cidadãos dos Estados Unidos, em mais uma operação contra grupos que lutam pelos direitos das mulheres no país, informaram pessoas ligadas aos detidos.
A maior parte das prisões aconteceu ao longo da quinta-feira 4 e os alvos são, em sua maioria, escritores e advogados. Todos os detidos têm algum tipo de ligação com o grupo de onze mulheres sauditas que são julgadas desde o dia 14 de março por sua luta pelos direitos femininos no país.
Salah al Haidar, por exemplo, um dos cidadãos americanos presos na operação, é filho de Aziza al Yusef, uma professora universitária aposentada que está entre as processadas pela corte saudita. Ela foi libertada temporariamente da prisão na última semana, junta com outras duas mulheres.
Quase todos os detidos na operação foram tirados de dentro de sua casa na capital saudita, Riad. Uma pessoa foi presa na cidade de Dammam, no leste do país, informou uma testemunha.
Esta foi a primeira operação contra críticos do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, desde o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita na Turquia, em outubro de 2018. As ativistas sob custódia do Estado saudita foram presas antes do crime, que envolveu autoridades do alto escalão do governo.
O caso de uma delas, Loujain al-Hathloul, detida desde maio do ano passado, foi o que mais ganhou notoriedade. A saudita é uma advogada proeminente e foi uma das líderes do movimento que garantiu às mulheres do país o direito de dirigir.
Torturas
Entre as evidências usadas pela promotoria saudita estão a participação da ativista em processos seletivos para trabalhar com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Por meio de denúncias dos seus irmãos, refugiados no Canadá, Loujain disse que é vítima de torturas na prisão. Seu pai, que ainda mora na Arábia Saudita, foi detido por algum tempo depois de comentar no Twitter sobre a situação da filha.
As rés também são processadas por encabeçar movimentos que pediam o fim de uma lei que dá aos homens a palavra final sobre viagens e possíveis casamentos de suas familiares.
A Arábia Saudita, um aliado de Washington, carrega um histórico de críticas internacionais por suas violações dos direitos humanos. As mulheres em julgamento disseram à corte que foram vítimas de abusos durante os interrogatórios, que incluíram eletrochoques, estupros, afogamentos e ameças de morte.
Entre os outros presos na operação desta sexta estão Khadijah al-Harbi, uma escritora feminista que está grávida, seu marido, Thumar al-Marzouqi, e Badr al-Ibrahim, um escritor e médico que também carrega a dupla cidadania americana e israelense.
(Com Agência France-Presse)