Aprovação de Trump cai ao menor nível do ano após relatório Mueller
Pesquisa mostra que os americanos estão divididos: para 40%, presidente deveria sofrer impeachment, enquanto 42% são contra afastamento
O número de americanos que aprovam o presidente Donald Trump caiu 3 pontos percentuais. O menor nível do ano foi constatado em pesquisa Reuters/Ipsos após a divulgação do relatório do procurador especial Robert Mueller detalhando a interferência russa na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016.
O levantamento, realizado entre a tarde de quinta-feira 18 e a manhã desta sexta-feira, 19, é o primeiro de âmbito nacional a medir a resposta do público americano depois que o Departamento de Justiça dos EUA divulgou o relatório de 448 páginas do procurador especial, que relata inúmeras ocasiões em que Trump pode ter interferido na investigação.
Segundo a pesquisa, 37% dos adultos nos Estados Unidos aprovavam o desempenho de Trump no cargo, ante 40% em 15 de abril. O número também fica abaixo dos 43% de aprovação em um levantamento feito pouco depois que o secretário de Justiça e procurador-geral, William Barr, divulgou um resumo do relatório em março.
Em seu relatório Mueller disse que sua investigação não estabeleceu que a campanha de Trump foi coordenada com os russos. No entanto, investigadores encontraram “múltiplos atos do presidente que eram capazes de exercer influência indevida sobre investigações”.
Enquanto Mueller decidiu não acusar Trump de nenhum crime, ele também disse que a investigação não isenta o presidente.
A pesquisa mostrou que 50% dos americanos concordam que “Trump ou alguém de sua campanha trabalhou com a Rússia para influenciar a eleição de 2016” e 58% concordam que o presidente “tentou parar investigações sobre a influência russa em sua administração”.
Para 40% Trump deveria sofrer impeachment, enquanto 42% acreditam que ele não deveria.
A investigação de Mueller acusou anteriormente 34 pessoas e três entidades russas, o que levou a condenações ou declarações de culpa de diversos associados de Trump, incluindo o ex-chefe de campanha Paul Manafort, o ex-assessor de segurança da Casa Branca Michael Flynn e o antigo advogado pessoal do presidente Michael Cohen.
A pesquisa Reuters/Ipsos foi conduzida online em inglês ao redor dos Estados Unidos. O levantamento reuniu respostas de 1.005 adultos, incluindo 924 que tinham familiaridade com o relatório de Mueller. A pesquisa tem um intervalo de credibilidade, uma medida de precisão, de 4 pontos percentuais.
Oposição
Democratas do Congresso dos Estados Unidos tomaram medidas, nesta sexta-feira, 19, para obter acesso completo à investigação do procurador especial Robert Mueller.
O presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, o democrata Jerrold Nadler, emitiu uma intimação para que o Departamento de Justiça entregue o relatório Mueller completo e outras evidências relevantes até 1º de maio.
“Meu comitê precisa e tem direito à versão completa do relatório e evidências subjacentes consistentes com práticas passadas. As redações parecem ser significativas. Até agora, não vimos nenhuma das evidências que o procurador especial desenvolveu para apresentar este caso”, disse Nadler em um comunicado.
O relatório forneceu detalhes extensos sobre os esforços de Trump para impedir a investigação de Mueller, dando a democratas munição política substancial contra o presidente republicano, mas nenhum consenso sobre como usá-la.
Líderes democratas minimizaram conversas sobre o impeachment de Trump a apenas 18 meses da eleição presidencial de 2020, mas alguns membros proeminentes da ala progressista do partido, como a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, prometeram trabalhar nesse sentido.
A senadora Elizabeth Warren, que concorre à indicação do Partido Democrata à Presidência, disse que o Congresso deveria começar o processo de impeachment de Trump devido ao relatório Mueller.
“A gravidade dessa má conduta exige que as autoridades eleitas de ambos os partidos deixem de lado as considerações políticas e cumpram seu dever constitucional”, disse Warren no Twitter. “Isso significa que a Câmara deve iniciar um processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos.”
Trump, que repetidamente chamou a investigação Mueller de caçada às bruxas política, atacou novamente nesta sexta-feira.
“Declarações são feitas sobre mim por certas pessoas no relatório do maluco Mueller… que são fabricadas e totalmente inverídicas”, disse Trump no Twitter.
Nesta sexta-feira, a Rússia disse que o relatório Mueller não contém nenhuma evidência de que Moscou tenha interferido. “Nós, como antes, não aceitamos tais alegações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
(Com Reuters)