Após encontro com Biden, Putin diz que ele é ‘muito diferente’ de Trump
Presidente russo afirmou que diálogo correu "sem hostilidade", mas negou mais uma vez que seu governo esteja por trás de ciberataques contra os EUA

Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, se encontraram pela primeira vez nesta quarta-feira, 16, em Genebra. A reunião a portas fechadas durou cerca de 4 horas e, conforme planejado, após a partida do líder americana Putin iniciou uma coletiva de imprensa para esclarecer os principais tópicos discutidos. Ele afirmou que “não houve nenhuma hostilidade”, apesar das divergências existentes entre ambos, e afirmou que Biden é muito diferente de Donald Trump.
“Considero que não houve nenhuma hostilidade. Pelo contrário, nosso encontro transcorreu com princípios. Nossas avaliações diferem em muitos aspectos, mas, do meu ponto de vista, ambas as partes demonstraram o desejo de compreender o outro e de buscar uma aproximação das posições”, comentou.
Putin fez um elogio raro a Biden, ao afirmar que o americano é “muito diferente” de seu predecessor, além de ser “um chefe de Estado muito experiente”. O russo disse ainda que os dois conversaram de forma privada e em detalhes por duas horas, coisas que não acontece com frequência entre líderes.
Questionado sobre os temas discutidos, Putin disse que os dois discutiram cibersegurança, mas negou que seu governo esteja por trás de ataques hackers a recentes contra instituições americanas. O tom utilizado pelo russo deu a entender que ele não está disposto a discutir o tema em profundidade.
Um dos principais objetivos de Biden com o encontro era o estabelecimento de ‘barreiras’ políticas para os ciberataques, que não devem ser ultrapassadas em momentos de paz. Putin afirmou que ambos os países iniciarão consultas sobre segurança cibernética após as acusações do governo americano sobre os supostos ataques, mas não se aprofundou no tópico. “O espaço cibernético é extraordinariamente importante” para as duas nações, comentou.
Putin anunciou ainda que o embaixador dos Estados Unidos em Moscou e o embaixador russo em Washington, John Sullivan e Anatoly Antonov, respectivamente, retornarão aos seus postos de trabalho em breve. Os representantes estavam trabalhando de seus próprios países há meses diante da tensão entre os dois governos.
Putin defendeu que as duas potências países são responsáveis por garantir a estabilidade estratégica nuclear mundial e disse que seu governo começará uma série de discussões com Washington para a proposta de possíveis melhorias no tratado New START sobre armas nucleares.
O líder russo foi também questionado sobre a prisão de Alexei Navalny, principal opositor de seu governo, e disse que a cobertura dos acontecimentos não foi imparcial. Putin afirmou também que o ativista violou as leis russas por diversas vezes e é um “agressor reincidente”.
“Ele sabia muito bem que era procurado, mas mesmo assim voltou para a Rússia e deliberadamente queria ser preso”, disse. “Ele fez o que queria fazer”, acrescentou.
A Casa Branca confirmou que o presidente dos Estados Unidos também falará à imprensa assim que Putin terminar de atender aos jornalistas.
(Em atualização)