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Após bate-boca com Trump, Zelensky quer garantias para negociar com a Rússia

Presidente da Ucrânia afirmou que discussão 'não foi boa' para nenhum dos lados, mas diz que não pode mudar de repente a conduta em relação a Putin

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 fev 2025, 21h18 - Publicado em 28 fev 2025, 20h57

O presidente Volodymyr Zelensky afirmou nesta sexta-feira, 28, em entrevista à rede de TV americana Fox News, que a Ucrânia não entrará em negociações de paz com a Rússia até que tenha garantias de que não será novamente alvo de uma nova ofensiva do país de Vladimir Putin.

Zelensky disse ainda que o bate-boca entre ele e o presidente americano Donald Trump mais cedo na Casa Branca “não foi boa para nenhum dos lados”. O ucraniano defendeu, no entanto, que o republicano precisa entender que a Ucrânia não pode mudar sua conduta em relação à Rússia de uma hora para a outra. “Eles são assassinos para nós, isso está muito claro para nós”, afirmou. “Os Estados Unidos são nossos amigos, a Europa é nossa amiga”, disse. “A Rússia é nossa inimiga. Isso não significa que não queremos paz.”

Zelensky afirmou que gostaria que Trump estivesse “mais do lado” da Ucrânia, já que o país foi invadido pela Rússia, e não que atuasse como mediador de um acordo de paz. Questionado se acreditava que poderia salvar sua relação com o americano, o ucraniano disse que sim.

Sem acordo

A esperada reunião entre Trump e Zelensky foi marcada por um tenso bate-boca. O resultado: a coletiva de imprensa marcada para após o encontro foi cancelada, assim como a assinatura de um acordo sobre minerais que permitiria que os EUA explorassem terras-raras espalhadas pelo subsolo ucraniano, uma espécie de compensação – cobrada por Trump – pela ajuda militar dada por Washington a Kiev.

Em publicação nas redes sociais, após o encontro, Trump disse que Zelensky “desrespeitou” os Estados Unidos e que poderá voltar à Casa Branca apenas “quando estiver pronto para a paz”.

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“Eu determinei que o presidente Zelensky não está pronto para a paz se a América estiver envolvida, porque ele sente que nosso envolvimento dá a ele uma grande vantagem nas negociações”, escreveu o republicano. “Eu não quero vantagem, eu quero paz. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América no querido Salão Oval.”

O presidente da Ucrânia viajou à capital americana nesta sexta-feira para assinar um acordo com o governo Trump que daria a empresas americanas acesso privilegiado às terras-raras no subsolo nacional. O país tem depósitos de 22 dos 34 minerais identificados como “críticos”, de acordo com dados ucranianos, incluindo materiais industriais e de construção, ferroligas, metais preciosos e não ferrosos e alguns elementos de terras-raras. As reservas de grafite no país, um componente-chave em baterias de veículos elétricos e reatores nucleares, representam 20% dos recursos globais.

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Mediante o acordo, os Estados Unidos e a Ucrânia estabeleceriam um fundo de investimento de reconstrução para coletar e reinvestir receitas de fontes ucranianas, incluindo minerais, hidrocarbonetos e outros materiais extraíveis. Kiev contribuiria para o fundo com 50% da receita, subtraindo despesas operacionais, até que as contribuições atinjam a soma de 500 bilhões de dólares.

Washington, por sua vez, estabeleceria um compromisso financeiro de longo prazo para o desenvolvimento de uma “Ucrânia estável e economicamente próspera”. Mas a constrangedora discussão entre Trump e Zelensky, que teve palco no Salão Oval, na Casa Branca, arruinou os planos.

+ Por que o governo Trump quer os minerais da Ucrânia?

Clima tenso

Questionado por repórteres sobre sua mensagem aos aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que estão preocupados com a política expansionista do presidente russo, Vladimir Putin, e com as concessões do governo americano a Moscou na abertura das negociações sobre o fim da guerra na Ucrânia, o republicano não só minimizou o problema, mas atacou Kiev.

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Primeiro, respondeu dizendo que está alinhado tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia, porque caso contrário ele nunca conseguiria um acordo para o fim das hostilidades. Depois, disse que se recusa a “dizer coisas terríveis sobre Putin”, o que tornaria as negociações difíceis.

“Não estou alinhado com ninguém. Estou alinhado com os Estados Unidos da América e o bem do mundo. Eu estou no meio, sou a favor tanto da Rússia quanto da Ucrânia”, afirmou. “Quero resolver isso.”

Mas então, em dado momento, Trump disse a Zelensky, ao seu lado, que o ucraniano tinha “que ser grato” a ele, além de acusá-lo de “arriscar uma Terceira Guerra Mundial”.

Zelensky, por sua vez, resistiu. Ele pediu que o presidente americano não faça “nenhum acordo com um assassino” e trouxe à tona a importância de salvaguardas “cruciais” para garantir a sustentabilidade de qualquer acordo de paz.

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A certa altura, Trump impediu Zelensky de responder a uma pergunta da imprensa, interrompendo-o bruscamente mesmo depois do ucraniano dizer: “Por favor, me deixe responder”. Em seguida, o republicano afirmou que a Ucrânia não será capaz de ganhar a guerra, que o país está destruído e que é preciso fazer um acordo de paz.

O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, também acusou Zelensky de vir a Washington para atacar membros do governo Trump de forma desrespeitosa, dizendo que ele não está em posição de ditar de que forma os americanos devem se sentir.

Anteriormente, o americano havia elogiado o Exército ucraniano (“incrivelmente corajoso”) por resistir à invasão russa por três anos. No entanto, afirmou que o principal ponto do acordo sobre os minerais ucranianos, que deve ser assinado após a coletiva de imprensa em uma bilateral a portas fechadas, é que “vocês não vão voltar a lutar”.

O presidente dos Estados Unidos também declarou que, embora a Ucrânia tenha que fazer concessões no contexto de um pacto para o fim da guerra, é apenas porque “não se pode fazer acordos sem concessões”.

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No fim da reunião transformada em bate-boca, Trump ameaçou Zelensky: “Ou você faz um acordo ou estamos fora”.

“O problema é que eu o capacitei para ser um cara durão, e não acho que você seria um cara durão sem os Estados Unidos. E seu povo é muito corajoso. Mas ou você faz um acordo ou estamos fora”, afirmou. “Você não tem as cartas. Assim que assinarmos o acordo, você estará em uma posição muito melhor. Mas não está agindo de forma agradecida, e isso não é uma coisa boa”, concluiu, antes de encerrar o encontro.

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