Após acordo entre EUA e Ucrânia, ataque russo destrói prédios e mata casal e seu cão
Rússia lançou 170 drones e cinco mísseis contra o território ucraniano, provocando destruição em Odessa; Moscou acusa Kiev de ataque que matou 7

Um ataque com drones russos contra Odessa, na Ucrânia, matou pelo menos duas pessoas e feriram outras quinze, informou o governador local, Oleh Kpir, nesta quinta-feira, dia 1º. A ofensiva, que viu 170 drones e cinco mísseis balísticos lançados contra várias regiões ucranianas, ocorreu um dia após o país assinar um acordo com os Estados Unidos para dar acesso privilegiado aos americanos a minerais raros em seu subsolo, além de ampliar a parceria com Washington.
Kpir afirmou que a área atingida era completamente residencial, onde prédios, um supermercado e uma escola foram danificados. Odessa é uma cidade portuária de importância estratégica por estar às margens do Mar Negro e tem sido repetidamente alvejada desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
Dos 15 feridos, seis estão no hospital, segundo o primeiro vice-chefe da Administração Militar Regional de Odessa, Oleksandr Kharlov. As duas vítimas fatais eram um casal, que foi morto em sua cama, enquanto dormia, junto a seu cachorro.
“Nove estão em tratamento ambulatorial e seis estão hospitalizadas. Duas delas estão em estado muito crítico”, completou a autoridade.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se manifestou contra os ataques, afirmando que Odessa foi atingida por 21 drones, causando “inúmeros incêndios” e resultando em mortes. Ele acrescentou que outras áreas, incluindo Kiev e Sumy, também foram atingidas.
Além disso, tornou a acusar a Rússia de “ignorar” as propostas dos Estados Unidos para um cessar-fogo total e incondicional, e reiterou que é preciso “pressão contínua” sobre o governo de Vladimir Putin para que volte à mesa de negociações.
Moscou não fez comentários sobre os ataques. Enquanto isso, Vladimir Saldo, o governador que o Kremlin instalou em Kherson, uma região no sul ucraniano quase totalmente controlada pelas forças russas, afirmou que sete pessoas foram mortas e vinte ficaram feridas em ataques ucranianos com drones na madrugada. De acordo com ele, as investidas atingiram um mercado em Oleshky.
Acordo de minerais
A nova onda de ataques russos ocorreu após os Estados Unidos e a Ucrânia assinarem, na quarta-feira 30, um “acordo de parceria econômica” que dará a Washington acesso aos minerais de terras raras de Kiev em troca do estabelecimento de um fundo de investimento para reconstrução da Ucrânia. O acordo foi fechado após semanas de negociações.
“Como disse o presidente, os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a facilitar o fim desta guerra cruel e sem sentido”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, em comunicado.
“Esse acordo sinaliza à Rússia que o governo Trump está comprometido com a paz centrada em uma Ucrânia livre, soberana e próspera a longo prazo”, disse Bessant. “E, para deixar claro, nenhum Estado ou pessoa que financiou a máquina de guerra russa poderá se beneficiar da reconstrução da Ucrânia.”
O avanço ocorre em meio às negociações para um acordo de paz entre Kiev e Moscou, mediadas por Washington, e pode colocar a nação invadida em posição de maior vantagem, enquanto Donald Trump vem privilegiando a relação com o líder russo, Vladimir Putin.
O pacto teve seus percalços. Em fevereiro, uma aguardada reunião entre Zelensky e Trump na Casa Branca terminou num tenso bate-boca. Na ocasião, o republicano acusou o ucraniano de flertar com a Terceira Guerra Mundial e de demonstrar ingratidão pelo apoio de Washington a Kiev na guerra contra a Rússia – de quem Trump se aproximou desde que retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro.
Após a discussão, a coletiva de imprensa marcada para após o encontro foi cancelada, assim como a assinatura do acordo sobre minerais que permitiria que os Estados Unidos explorassem terras raras. O país tem depósitos de 22 dos 34 minerais identificados como “críticos”, de acordo com dados ucranianos, incluindo materiais industriais e de construção, ferroligas, metais preciosos e não ferrosos.