Ao lado do rei da Jordânia, Trump reafirma que tomará Gaza e expulsará palestinos
No Salão Oval, republicano contrariou promessas de retaliação feitas previamente às nações árabes caso não aceitassem realocação de palestinos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou em reunião com o rei da Jordânia, Abdullah II, nesta terça-feira 11, o desejo do governo americano de ocupar a Faixa de Gaza para transformá-la na “Riviera do Oriente Médio”. Em encontro no Salão Oval, na Casa Branca, o republicano voltou a tratar sobre o plano de expulsar os palestinos do enclave, sem que tenham o direito de retornar no futuro, e deslocá-los para países árabes vizinhos, incluindo a própria Jordânia e o Egito.
O líder americano contrariou as promessas de retaliação feitas previamente às nações árabes caso não aceitassem a proposta de realocação de palestinos. Antes, Trump sugeriu reter ajuda dos Estados Unidos à Jordânia e ao Egito caso as nações árabes rejeitassem o plano. Agora, ele abrandou o discurso e adotou um tom mais otimista, dizendo: “Não preciso ameaçar isso. Acredito que estamos acima disso”.
Embora tenha sido questionado sobre a possibilidade de a Jordânia abrigar palestinos, Abdullah ateve-se a anunciar que o país receberia cerca de 2.000 crianças com câncer e outros problemas de saúde “imediatamente”, o que Trump definiu como “um belo gesto”. A Jordânia abriga mais de 2 milhões de palestinos e rejeitou, de maneira “firme e inabalável”, a ideia do republicano de receber a população de Gaza de forma permanente.
Além disso, o presidente dos Estados Unidos expressou o desejo de erguer construções em Gaza, definindo a ideia como “emocionante” na reunião.
“Não vamos comprar nada. Vamos possuir”, afirmou Trump, sobre o projeto americano para a Faixa de Gaza, acrescentando que novos hotéis, prédios de escritórios e casas poderão ser construídos.
“Posso falar sobre o mercado imobiliário. Eles vão se apaixonar por isso”, acrescentou ele, dono de um império de imóveis nos Estados Unidos.
Acordo de cessar-fogo
A visita de Abdullah ocorre em um momento particularmente tenso no Oriente Médio, à medida que tanto o grupo palestino radical Hamas e como Israel ameaçam anular o acordo de cessar-fogo, em vigor desde 19 de janeiro. Além disso, as declarações de Trump sobre o futuro dos palestinos, segundo o Hamas, colocam “lenha na fogueira” e ameaçam a “estabilidade na região”.
Mais cedo nesta terça-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que retomaria a guerra, acabando com o cessar-fogo, se o Hamas não devolvesse os reféns mantidos no enclave até o meio-dia do próximo sábado, dia 14. A ameaça veio após o grupo terrorista palestino anunciar que adiaria a libertação dos cativos devido a supostas violações israelenses dos termos da trégua.
“Não acho que eles vão cumprir o prazo, pessoalmente”, opinou Trump, durante a reunião com o rei jordaniano. “Eles querem bancar os durões. Veremos quão durões eles são.”
Trump também dobrou a aposta sobre o prazo de meio-dia de sábado. “Ou eles (o Hamas) os entregam até sábado, meio-dia, ou tudo está em aberto”, ameaçou. Na segunda-feira, o presidente americano já havia dito que deixaria “o inferno todo se soltar” em Gaza caso o Hamas não liberte os reféns.