Ao lado de Macri, Bolsonaro pede a argentinos que votem com ‘menos emoção’
Líderes assinam protocolo de energia e aguardam conclusão de acordo entre Mercosul e União Europeia
Em declaração conjunta ao lado do presidente da Argentina, Mauricio Macri, em Buenos Aires, o presidente Jair Bolsonaro “conclamou” os argentinos a votarem com “muita responsabilidade, muita razão e menos emoção” na eleição presidencial de outubro, na qual Macri concorre a um novo mandato.
“Todos têm que ter, como no Brasil grande parte teve, muita responsabilidade, muita razão e menos emoção para decidir o futuro desse país maravilhoso que é a Argentina”, disse.
Bolsonaro, desta vez, teve o cuidado de não mencionar explicitamente a candidata à vice e ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner. Em sua passagem pelos Estados Unidos em maio, o presidente brasileiro deixou claro que não apoiará a reeleição de Cristina.
Macri, por sua vez, fez questão de priorizar as questões econômicas em seu pronunciamento. O argentino tocou apenas um tema político de interesse comum para as duas nações: a crise na Venezuela. “Falamos do compromisso absoluto que temos na defesa dos direitos humanos e da democracia” em prol dos “nossos irmãos venezuelanos”, disse.
Bolsonaro afirmou que toda a “América do Sul está preocupada”, pois “não queremos novas Venezuelas na região”.
O presidente brasileiro foi recebido por Macri na Casa Rosada, a sede do governo argentino. Depois de uma reunião privada, os líderes participaram de um encontro com ministros e outros membros dos governos das duas nações.
Economia e acordos comerciais
Brasil e Argentina assinaram um acordo na área energética, cujo conteúdo não foi detalhado.
Em seu pronunciamento, Mauricio Macri afirmou ainda que tratou com Bolsonaro da etapa final do acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) e as negociações em curso com o Canadá e a Coreia do Sul. Para o argentino, as alianças são “grandes oportunidades” para o desenvolvimento comercial e da agricultura dos dois países.
“Há muito a ser feito, e se conseguirmos concretizá-los será uma enorme oportunidade de futuro tanto para os argentinos como para os brasileiros”, afirmou.
A respeito do Mercosul, o presidente argentino declarou que é necessário “mudar” a visão oficial com a qual se pensou este bloco que está prestes a completar 30 anos, porque o mundo “já não é o mesmo”.
“Hoje é preciso girá-lo, não só para a integração dos mercados, mas tem que estar focado em como nos inserimos em um desenvolvimento global que é fundamental para nossos países”, disse Macri.
“Estamos na eminência de assinar o acordo entre o Mercosul com a União Europeia. Trouxemos todos os ministros para atingir esse objetivo”, declarou Bolsonaro.
O presidente brasileiro afirmou que o progresso feito pelo bloco sul-americano para fechar um acordo com a UE se deve ao trabalho de Macri, que “arregaçou as mangas” em prol desse objetivo.
Primeiro destino internacional dos presidentes brasileiros recém-empossados, a Argentina tornou-se o quinto lugar a ser visitado por Bolsonaro. O gesto foi percebido como uma desatenção do governo do Brasil com seu principal sócio no Mercosul.
Agenda
Bolsonaro chegou a Buenos Aires na manhã desta quinta-feira, 6, para uma visita de Estado de apenas um dia. Após a declaração conjunta, o presidente brasileiro se encontra com a cúpula do Congresso argentino e também com o presidente da Suprema Corte de Justiça do país.
Macri e Bolsonaro participarão de um almoço no Museu do Bicentenário, atrás da Casa Rosada. O presidente brasileiro ainda tem presença confirmada no encerramento do Seminário de Indústria de Defesa e se encontrará com empresários na embaixada brasileira em Buenos Aires.
Às 19h, o presidente deve transmitir sua tradicional live semanal, pelo Facebook. O retorno de Bolsonaro ao Brasil está programado para às 6h40 de sexta-feira, 7.
Bolsonaro viaja acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e de uma comitiva de sete ministros.